Neste últimos meses, a nossa vida foi completamente alterada pela situação do Afonsinho. Ultrapassado o período inicial, difícil e extremamente doloroso, conseguimos aceitar a situação e aprender a viver, dia a dia. Um dia de cada vez, um passinho de cada vez. Não penso no futuro, nem no bom que pode acontecer nem no mal e valorizo cada pequena vitória, cada pequena conquista, cada passinho dado...
Nestas férias, dei comigo a pensar, como vai ser no próximo ano.
As limitações, as grandes limitações do Afonsinho têm sido "escondidas" devido ao seu aspecto físico, um bebé com cerca de 7/8 meses, lindo, com os seus caracóis louros.
Mas, à medida que o tempo vai avançando, as limitações vão-se tornando mais visíveis. Como se lida com os olhares, as conversas nas nossas costas, como conseguimos nós adultos lidar com tal situação? E o irmãos? E a minha grande preocupação: Como vai reagir o Afonso, quando conseguir perceber esta situação?
Eu sei, por experiência própria, que não podemos proteger sempre os nossos filhos, que eles têm que aprender a cair e a levantar-se, a enfrentar as situações e a resolvê-las mas, como não proteger um bebé, amanhã menino, que já está rotulado desde que nasceu. É duro pensar, o que este bebé já passou, já sofreu e mais duro ainda aquilo que, em sociedade, vai ter de enfrentar.
Eu sei que a força de lutar, a força de vontade de chegar, de vencer irá superar estes medos mas, às vezes penso que o meu equilíbrio emocional é tão frágil, a linha que me separa do desespero é tão ténue, e se amanhã ou noutro dia qualquer eu não conseguir lutar? Não conseguir superar os meus mais profundos receios, os meus medos, aqueles que quando tentam vir ao de cima eu empurro com toda a força para baixo e substituo por força e energia positiva, que me fazem seguir em frente e lutar?
E se eu não conseguir?
2 comentários:
Querida D.vai haver dias que vão ser muito díficeis para si mas garanto que vai conseguir continuar a lutar faz parte da sua natureza de lutadora háverá dias em que vai chorar de raiva e desesperar mas o sol encherá novamenta de força e energia para continuar a sua luta passo a passo com o Afonsinho, num dos meus dias de despero houve alguém que me disse que deus sabía a quem dava os problemas e as crianças especiais eu estava tão zangada com o mundo que respondi já não acredito em Deus..........hoje zango-me muitas vezes com ele ,mas ele deve me compreender penso eu. ... Não é fácil no nosso país pois a maioria dos pais portuguesês nâo preparam os filhos para aceitar a diferença,tive que trocar vezes sem conta o meu filho de escola , foi para os Salasianos do Estoril ma os nossos meninos temos nós que os preparar para não ligarem a essas pessoas mas ás vezes é impossivel embora hoje as crianças estejam um pouco melhores nesse aspecto que á 30 anos atrás e foi um bocado complicado nas escolas . mas ele lá foi aprendendo a defender-se e não ligar ,ás vezes não era nada fácil mas que fazer a não ser lutarmo em conjunto com eles e acredito que quando as forças falham nun dia no outro estará mais forte beijocas e acredite que vai conseguir tudo quanto quizer Maria mãe da Claúdia
Olá Maria
Gostava de lhe dizer que a minha mãe também se chamava Maria (Manuela) e eu também sou Maria (apesar de ninguém me charmar assim).
Lembrei-me de repente de uma menina que conheci em Magoito (perto de sintra) onde passava as férias de verão. A menina era japonesa ou chinesa (já não me lembro), da minha idade 7/8 anos e não conseguia dizer o meu nome , que para além de ser horrivel (herança da madrinha) é dificil de pronunciar. Assim combinámos que ela me chamaria de Maria. Consegue imaginar... ela bem me chamava, no meio da praia, com barulho das ondas e eu, claro, não respondia porque não me identificava com o nome e como a minha amiguinha ficava triste.
Beijinhos
Enviar um comentário