Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Transmissão de pensamento

Hoje, o que eu queria mesmo era passar o dia encostada a ler um livro, sem fazer nada, sem pensar...

Para ajudar na preguiça, fui almoçar com o meu pai. Perguntei-lhe o que era o almoço "carne de vaca estufada com feijão verde e batatas", perfeito, o Afonsinho hoje, e pela primeira vez, almoça também em casa do avô.

O meu pai ficou preocupado e disse que fazia peixinho mas, eu não deixei, almoço igual para todos. Claro, que uma vez mais, fomos surpreendidos o Afonsinho almoçou tudo e ainda comeu metade de uma meloa pequenina. O almoço estava tão bom, que até me esqueci que estava a fazer dieta.

É impossível ir a casa do meu pai sem pensar, de forma intensa, na minha mãe. Assim, contei aos meus filhos algumas histórias da minha família original (pais e irmãos) e disse ao meu pai, "a mãe é que tinha razão, não há comida tão boa como aquela que não é feita por nós". Depois o meu pai disse-me que ontem, o G. tinha ficado aborrecido com ele por causa do queijo. Meus Deus, quantas histórias tenho para contar sobre o queijo, o tão adorado queijo do meu pai? Quantas vezes ouvimos as suas birras, porque comíamos o queijo todo, ou porque só deixávamos a casca? Os meus pais tinham uma relação muito engraçada, quando o meu pai trazia peixe, nesse mesmo dia a mãe tinha ido ao peixe, se fosse fruta, a mesma coisa, eles riam-se e diziam que tinham transmissão de pensamento.

Tempo felizes, muitos felizes...

De tarde mais uma sessão de terapia ocupacional, o Afonsinho continua a portar-se de forma espectacular, colaborando totalmente. Hoje o terapeuta insistiu no rolar, mas houve alturas, para o Afonsinho descansar que o sentava no seu colo mas, ele não queria parar de trabalhar.

E com alguma dificuldade no equilíbrio, lá tentou manter-se sentado dentro de um pneu. O irmão deu-lhe apoio e incentivou-o, levando o Afonsinho a conversar com ele.

Clima de tranquilidade


As talinhas azuis que vão ajudar o Afonso a fazer uma melhor extensão da pernas têm umas pombas brancas, sinal de paz.


Foi assim, em clima de tranquilidade e paz, que passámos hoje o nosso dia.



Depois do baninho e da papa láctea (estamos de novo a experimentar), as talas. Primeiro sentado para depois ir para o plano inclinado mas, o soninho ganhou e dormiu cerca de 2h30.

Este soninho tão tranquilo e descansado, produziu frutos nas sessões de terapia da fala e fisioterapia.

Hoje levei para a sessão de terapia da fala uma papa de fruta, uma vez, que saltou o almoço porque estava a dormir. Pedi à terapeuta se nos últimos 15 minutos da sessão podíamos fazer treino alimentar.

Quem diria, que um dia eu faria tal pedido, de forma optimista e alegre? Mas, também há terapeutas e TERAPEUTAS.

O Afonsinho portou-se de forma ESPECTACULAR. Massagem na cara, na boca, nas mãos, nos pés, dentro da boca, nas bochechas e na língua, não se ouviu o Afonso, a colaboração foi total.

GRANDE AFONSO!!!

Ainda o sentámos na cadeira e só começou a refiliar, quando lhe demos comer. Há uns tempos atrás, começava a chorar mal sentia o rabo tocar na cadeira.

Na fisioterapia fartou-se de rolar da posição dorsal para a ventral e vice-versa, lateral, dorsal, ventral, de joelhos, sentado. Acho que a terapeuta lhe fez tudo, tal era o nível de colaboração do Afonsinho.

No fim da sessão, com o terapeuta ocupacional, introduziram mais uma etapa no trabalho do Afonso. Colocaram o Afonso em frente ao computador, os jogos iam sendo construídos à media que ele ia tocando no aparelho (que não sei o nome) emitindo sons e musica. O Afonsinho mostrou-se empenhado em tocar no aparelho e muito interessado no que acontecia no écran.

Reagiu de forma muito positiva a este teste de estimulação causa/efeito.

quinta-feira, 26 de junho de 2008


Vocês riem de mim por eu ser diferente,
e eu rio de vocês por serem todos iguais



Bob Marley

Puzzle

Aqui está um bom exemplo da vida do nosso Afonso. Cada etapa será mais ou menos como uma peça de um puzzle, que à medida que as vamos ultrapassando, elas vão se encaixando até fazer um todo. Assim sendo, podemos realizar as nossas tarefas, até as mais simples.
Amo-vos muito.
F.
http://www.brl.ntt.co.jp/people/hara/fly.swf

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Muito bem, bebé!

O Afonsinho e a C. foram hoje às vacinas e o Afonso foi também medido e pesado (7,200 Kg, 72 cm e 43cm). Continua a crescer ao seu ritmo: 1 cm por mês de comprimento, 0,2 cm de perímetro cefálico e peso ZERO (às vezes temos meses em que engorda 150gr). Hoje foi difícil pesá-lo, não se conseguia equilibrar sentado. Fiquei preocupada (como fico sempre), o Afonsinho tem indicação para sonda (não sei o nome correcto) colocada directamente no estômago e tenho medo, muito medo que esse dia chegue, tento animar-me com os resultados das análises que vão demonstrando que tudo está bem e o Afonsinho mantê-se saudável.
Depois do almoço fui com a C. à equitação, hoje não levei o Afonsinho à hipoterapia. Estava a dormir profundamente, tão profundo que lhe mudei a fralda, vesti-o e não acordou, segui a intuição e o coração...
A amiguinha da C. ficou a dormir em nossa casa e passou mais este dia connosco. Hoje de manhã, ouvia-a dizer: "Levanta a cabeça bebé! Muito bem!"
Realmente o espírito de luta, de lutar pelo Afonsino passa, pega-se, cola-se a nós e ao nosso intimo, mesmo quando estamos falar de uma criança de 10 anos.
Muito bem, bebé!

terça-feira, 24 de junho de 2008

Se eu não te amasse tanto assim

Meu coração, sem direcção
Voando só por voar
Sem saber onde chegar
Sonhando em te encontrar
E as estrelas,
Que hoje eu descobri no seu olhar
As estrelas, vão me guiar
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos, dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores, por onde eu vim
Dentro do meu coração...
(...)


Canção de Ivete Sangalo
Composição: Paulo Serfgio Valle e Herbert Vianna

YouTube - Ivete Sangalo (Se eu não te amasse tanto assim)

Momentos felizes...

Ontem, tivemos mais uma sessão de hidroterapia. O Afonsinho continua a sua adaptação com boas reacções e colaboração, durante a maior parte do tempo.
Hoje, a C. teve a companhia de uma amiguinha. Tínhamos decidido ir à praia de manhã mas, o tempo não ajudou. Assim, passámos a manhã em casa, fomos almoçar ao Macdonalds e seguimos para a Liga.
Hoje, o Afonsinho, só teve fisioterapia. Colaborou, sorriu, conversou com a fisioterapeuta.
A terapeuta pediu-me para colocar o Afonsinho no plano inclinado sozinha, como faço em casa. Ok, avaliação à mãe. Primeiro, colocar as talas nas pernas, depois o colete e calçar os sapatos, de seguida colocá-lo no plano inclinado e pôr a faixa. Nota máxima, a mãe está apta.
A sessão correu tão bem, que quando demos por isso já eram 16h45 a sessão terminas às 16h15. Quem diria, há 3 meses quando chegámos à Liga, o Afonsinho não consegui fazer 2 sessões seguidas. Que mais se pode dizer, lá vamos nós a caminho...
Depois da fisioterapia, fomos até ao Parque do Alvito. Enquanto o Afonsinho lanchava, a C. e a amiguinha andavam de patins em linha, enquanto o G. rapidamente estava a fazer novos amigos e a entrar num jogo de futebol. O G. sempre foi assim, fosse em que país fosse, falassem as crianças a língua que falassem, ele tinha sempre amigos para o acompanharem. De seguida foram para os baloiços, escorregas e explorar o barco enquanto, o Afonsinho, experimentava o escorrega e brincava no comboio de madeira.
Assim corre a vida na nossa família, com dias bons e momentos felizes...

Novos sentidos...

Talvez para compensar o final da semana, que correu menos bem, tivemos um fim-de-semana cheio de novos sentidos...

No sábado de manhã, enquanto o Afonsinho foi com o pai e o irmão a mais uma sessão de acupunctura, fui com a C. à festa de entrega dos diplomas de finalistas do 4º ano. Encontrei-me com uns pais de um coleguinha da C. , que conheço há imensos anos e de repente descobri que o filho mais novo, hoje com 9 anos, tinha à semelhança do Afonsinho, dificuldades. Ouvi uma história de coragem, de luta e de sucesso, uma família que deu um novo sentido à vida.

De tarde, mais uma aula de natação. Vimos um bebé sorridente, a dobrar o riso em situações que lhe dão prazer, a palrar de alegria, a descer pelo escorrega com prazer, um novo sentido...

No domingo, mais duas festas de finalista, a do G. no futebol a da C. do ATL. De manhã a primeira grande surpresa. Mal, chegámos ao campo de futebol, o Afonsinho começou a ser acarinhado pelas mães dos coleguinhas do G., festinhas nas mãos, festinhas na cara, palavras meigas e amigas e um Afonso CALMO e SORRIDENTE. Pela primeira vez, PRIMEIRA VEZ, reagiu desta forma perante o toque de pessoas que não conhece, um novo sentido...

A meio da manhã levámos a C. a ver um jogo de Hóquei em Patins de um amigo, imenso barulho, gritos, mais carinhos e colos diferentes, o Afonso reagiu de forma positiva.

Voltámos, depois de dar almoço ao Afonsinho, para o convívio do futebol, enquanto almoçámos o Afonso andou ao colo de várias mães, e vou-me repetir, sempre com uma boa reacção.

As 15h chegaram e lá fomos nós, para a festinha da C., que ia tocar no Rancho folclórico "Os pés de chumbo" a organização da festa foi muito fraca mas, a minha filha estava feliz e se ela está feliz, nós estamos felizes, vem aí um novo ano lectivo e novos desafios.
Encontrámos os pais de uma amiguinha da C. e ficámos a conversar e ouvimos a história de um amigo, deste casal, com paralisia cerebral, hoje já adulto, que conseguiu superar as limitaçoes (tem uma hemiparésia esquerda) e que é autónomo, com uma formação e inteligência acima da média, que deu à sua vida um novo sentido...

Depois, voltámos para a festa do G.. A tarde foi passada entre a emoção da entrega de prémios, a jogadores, treinadores e dirigentes e o convívio entre os miúdos e os pais. O Afonsinho, continuou a ser mimado e acarinhado e elegeu mesmo uma babysiter, passando uma boa parte da tarde ao colo dela, uma vez que não dormiu.

Na despedida, uma mãe disse-me: "Ele está muito melhor" com um grande sorriso, olhos brilhantes e emocionados.

Pois está, graças a Deus, está muito melhor!

Vamos dando um novo sentido à vida...

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

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