Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Olhar jardineiro


Quem ama vê bem, de longe. Quem ama vê bem de perto. Quem ama vê além e ama o que vê. Não há nada a ser mudado, incluído, excluído, para que o amor exista, ele simplesmente é. Olhar jardineiro, que ouve a música original da semente, tanto faz como ela consiga dizer as suas flores. Olhar de ourives, que sente a jóia tantas vezes ainda escondida no silêncio da matéria-prima. Olhar de pescador: não importa o momento do mar, sabe as riquezas que ele guarda, quer as redes retornem cheias ou vazias.

Quem ama vê além e confia no que vê. E é a confiança atemporal e bela desse olhar que atravessa as nossas aparências e, vendo a nossa essência, nos diz seu amor, que buscamos pela vida. Esse olhar que nos ouve, que nos sente, que nos sabe, e, ouvindo, sentindo, sabendo, nos ama exatamente como somos. Como podemos ser. Como conseguimos, seja lá o que isso significa a cada instante. Poucos lugares têm um cheiro tão bom de descanso e liberdade como tem esse olhar. É maravilhoso recebê-lo. É maravilhoso poder ofertá-lo. Melhor ainda quando é troca.

Relax..ha,ha...

A caminho da Liga, o Afonsinho ia sentadinho na sua cadeira muito quietinho e caladinho, já quase a chegar tocou o telemóvel, como estou a conduzir tenho que o atender em voz alta, quando ouviu a voz do pai, desatou a chorar, nem sequer consegui perceber o que o meu marido dizia e foi com um tremendo berreiro que chegámos.

Mas isto será possível?!


Hoje durante a terapia ocupacional e a terapia da fala foi dia de relax total...

Esteve a fazer integração sensorial, na tábua elevada, alternando com os exercícios para controlo do tronco e da cabeça, sentado no degrau, rolar e levantar.

Esteve sempre tranquilo e bem disposto mas não ouvimos as vocalizações e os sorrisos e risos do costume estava completamente relax...

A terapeuta da fala continuou o trabalho fazendo exercícios respiratórios em cima da tábua elevada, perante o insucesso, ou seja o Afonsinho não disse uma palavra, nem emitiu nenhum som, optou por fazer o exercício no tapete com a ajuda do terapeuta ocupacional, primeiro sentado, depois deitado de barriga para baixo, a ver fotografias e vídeos da máquina, com briquedos, com sons, nada...

Apenas relax...

Hoje o lanche era iogurte liquido e pão com manteiga mas, o tempo passou a correr e acabei por lhe dar o lanche na sala da terapia da fala sozinha.

Levei o copo de bico para lhe dar o iogurte, como a terapeuta tinha sugerido mas, não produziu efeito, porque ele não gostou, dei-lhe o iogurte com uma seringa mas, também não gostou, por isso já sabemos iogurte liquido só directamente da embalagem se não ele já não o quer.

Este rapaz tem mesmo muitas manias...

Comeu o pão com manteiga e a terapeuta ainda foi espreitar para o ver cortar o pão sozinho com os seus dentinhos e mastigá-lo mas, a fatia de pão era muito grossa e ele teve dificuldade para conseguir cortar o pão mas, mesmo assim conseguiu.

No regresso birra e mais birra, até chegarmos à escola e a salvadora, a mana, entrar no carro e o pegar ao colo.

Hoje, para além do relax total, aconteceu uma coisa muito curiosa, apesar de ter estado bastante tempo na posição de barriga para baixo e sentado com a cabeça para baixo, não deixou cair UMA GOTA de baba!

Comentei com a terapeuta da fala, que me respondeu que nem tinha desdobrado as toalhas.

É verdade, relax e nada de baba...

Apetece-me repetir o slogan da RFM "vale a pena pensar nisto..."

Novos desafios

Hoje, acordei muito cedo, tinha o despertador activado com a hora a que me tinha que levantar ontem e acordei às 6h30.
Assim, decidi ir arrumar o espaço do Afonsinho.

Escolhi os brinquedos "mais" infantis com que ele já não gosta de brincar e separei-os para os levar para a Liga, entretanto decidi criar um espaço com maiores desafios para o Afonsinho.










Assim, retirei o parque, arrumei uma série de brinquedos nas caixas, tirei o tapete de actividades e coloquei em cada quadrado, um brinquedo, aqueles que o Afonsinho gosta mais.


Quando o coloquei no tapete, hoje de manhã, ficou muito admirado a olhar para tudo e depois de ter percebido que tinha que se deslocar para conseguir chegar aos brinquedos começou a refilar.

Expliquei-lhe que tinha que escolher o brinquedo que queria brincar e que tinha que chegar até ele. Virou-se de barriga para cima e começou novamente a fazer birrinha. Disse-lhe que tinha que se voltar de barriga para baixo e ajudei-o a virar-se e sai da sala.

Fui espreitando (sem ele me ver) e ele ficou um bocadinho parado (como se estivesse a pensar o que devia fazer) e depois lá começou a movimentar-se, por vezes birrava um bocadinho mas, não fui ajudá-lo.

Em cerca de 20 minutos, conseguiu chegar ao quadrado do piano e esteve a tocar, ao quadrado onde estavam os cubos e deitá-los todos aos chão e quando cheguei ao pé dele estava a brincar com os carrinhos.

Um verdadeiro espectáculo!!!

Quando a terapeuta chegou para a sessão de sacro-craniana, reparou logo na alteração do tapete, expliquei-lhe porque é que tinha mudado e ela aprovou a ideia com um sorriso.

Com esta alteração,ficou com o nome dele, que está escrito no tapete, visível e também com a tabela de números (de 1 a 9) que tínhamos construído no tapete.

O tapete tem imensas cores e acho que ficou ainda mais bonito e estimulante.

A terapia correu muito bem, com uma excelente colaboração do Afonsinho, que adora a terapeuta.

A S., hoje teve direito a um sorriso mal entrou à porta e a várias demonstrações de alegria e prazer quando estava a trabalhar com ele.

O Afonsinho tem uma óptima percepção, sabe perfeitamente escolher as pessoas que trabalham com ele e demonstrar como gosta delas.

Estou feliz, claro!!!

Muito feliz, por mais estes momentos de felicidade do meu pequenino e da sua força de vontade em ultrapassar os obstáculos.

Neste momento está a dormir um soninho tranquilo e relaxado e depois seguiremos para a Liga para mais uma sessão de terapia ocupacional e terapia da fala.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Será possivel?


Quando regressámos da Liga, fomos buscar a C. à escola.

O Afonsinho começou a birrar quando o sentei na cadeirinha mas, depois veio todo o caminho relativamente calmo, de vez em quando parecia que ia chorar, birrava um bocadinho mas, voltava-se a calar.

Quando entrámos na rua da escola, começou a chorar e quando a irmã no carro, já BERRAVA, alto e bom som, com toda a força que tem...

Será possível???

Mais um passinho...

Hoje na fisioterapia o Afonsinho esteve a fazer exercícios para o controlo do tronco e da cabeça.

Esteve sentado no amendoim, brincou com as bolinhas de açúcar e esteve a fazer espuma.

Colaborou em todos os exercícios e esteve muito bem disposto.

Estivemos a comentar a consulta.

As terapeutas acharam que correu muito bem e que o Afonsinho está realmente a evoluir bastante bem.

Disse-lhes que tinha ficado com a sensação, que a Fisiatra esperava que o Afonsinho, apresentasse, nesta altura, 2 anos e 4 meses, alguns sinais negativos, indicativos de problemas futuros e que eu pensava que ainda era muito cedo mesmo nas situações mais graves.

Sempre pensei que só mais tarde por volta dos 4 anos é que se começava a perceber este tipo de limitações físicas (alguma espasticidade dos membros, pequenos encurtamentos, maior dificuldade na abdução...).

A fisioterapeuta respondeu-me de imediato que o Afonsinho não tinha nenhuma limitação física, eu disse-lhe que sabia que não mas, que esta era a ideia que tinha...

Tenho no meu prédio um jovem-adulto, com 23 anos, com incapacidade grave. Confesso que a mãe é muito simpática mas, evito ao máximo falar com ela, porque me deixa deprimida.

Já por várias vezes falámos sobre a situação do Afonsinho e ela está sempre a dizer-me que ele anda é muito pequenino, que fez todo o circuito que nós estamos a fazer, que temos que aprender a nos defender...

Fico realmente deprimida.

Primeiro porque não concordo com a maneira como ela encara as dificuldades do filho, frequenta um centro de dia mas, raramente sai de casa para além de ir à instituição, quando nos cruzamos com ela no andar, fecha rapidamente a porta, escondendo o filho e depois porque está sempre a dar a entender que o Afonsinho também vai ficar com deficiência profunda, deformações...

A fisioterapeuta voltou a dizer-me que o Afonso está óptimo e nesta idade, realmente já se nota limitações físicas, dependendo do grau de dificuldade, acrescentando mesmo, que até pode acontecer mais cedo.

Parece-me que já percebi, ainda é MUITO cedo para saber o que o Afonsinho pode atingir mas, já não é muito cedo, para perceber que estamos no caminho certo e que em relação à parte física (estamos a falar de ossos, assimetrias, músculos, tendões...) tudo corre de forma normal no desenvolvimento do Afonsinho.

Porque a parte neurológica, nós não sabemos, eles não sabem mas, todos sabemos que se houver capacidade para falar, por exemplo, mas o aparelho vocal estiver limitado, não irá conseguir falar, se houver capacidade para andar mas os músculos estiverem atrofiados, ou deformados será difícil andar...

Realmente somos seres perfeitos na nossa "fabricação" e tudo funciona numa ordem perfeita e solidária, todos juntos, num só esforço, para atingir um objectivo comum...

Depois terapia da fala, voltámos aos exercícios para o controlo da baba.

O Afonsinho passou por um período de maior controlo da saliva mas, quando está de barriga para baixa ou com a cabeça baixa, continua a não conseguir controlar. Assim, lá voltámos (voltou ele, coitadinho) aos movimentos do pincel na face e na zona das bochechas e ao gelo.

Esteve a fazer exercícios respiratórios e a trabalhar a atenção, concentração, reconhecimento e oralidade, tendo que identificar animais.

Os animais em cubo, com que ele está familiarizado e com que gosta muito de brincar, identificou facilmente o animal pedido, de imediato com os olhos e também com as mãos, quando estavam dois, três e até quatro objectos.

Conseguiu emitir o som/palavra muito idêntico a "cão" e gesticulava com a boca a palavra "ão,ão" mas, não conseguiu emitir o som.

Depois utilizamos um boneco (um macaco) que ele não conhecia nem nunca tinha visto e um livro que tem o som de macacos. Também deu a ideia que foi identificando mas, pareceu-nos que procurava principalmente o som.

Queria agarrar o boneco e foi mexendo os pés, as pernas, as mãos, os braços, empurrando-se até estar no chão completamente fora do colchão.

Agarrou o macaco com a mão aberta de forma correcta e largou-o também de forma correcta abrindo a mão, foi a primeira vez que conseguiu fazer este movimento.

Mais um passinho e outro passinho, pequeninos mas, tão importantes neste nosso caminho que se faz caminhando...

Sucesso!!!

Hoje levantámos-nos muito cedinho, porque não tinha o carro ao pé de casa e o pai teve que nos levar até meio do caminho.

O Afonsinho começou a chorar mal se apercebeu que estava sentado na cadeirinha e eu estava ao lado dele, desta vez com lágrima e tudo.

Trocámos de carro e fomos para a escolinha, esta parte do caminho foi feita com algum queixume e birrinha mas, sem choro.

A P. quando nos viu chegar tão cedo perguntou-nos se tínhamos caído da cama.

Hoje estiveram a brincar no parque e o Afonsinho esteve muito bem disposto.

Este colégio tem um recreio fantástico e é realmente um privilégio para estas crianças, usufruir de um espaço, no meio da cidade, com árvores, alguns eucaliptos, ainda do tempo em que ali havia uma quinta e corria um ribeiro de água, onde eu brincava com os meus irmãos e primos quando era pequena.

O Afonsinho almoçou muito bem e tudo. Sopinha, peixinho, ovo cozido, batatinha e brócolos e pêra com duas bolachas de sobremesa.

Não é de admirar que o Afonsinho apresente uma bela e adorável barriguinha.


Quando o fui buscar estava a dormir e foi com o coração partido que o tivemos que acordar.

Seguimos para a Liga. Hoje tínhamos fisioterapia e terapia da fala.

A caminho da Liga, o Afonsinho ia tão caladinho, tão caladinho, que fui o caminho preocupada que ele não estivesse bem.

Quando chegámos, peguei-lhe de imediato ao colo, bati-lhe palmas, gritei viva, viva, o Afonsinho já não chora e palmas e mais palmas, tal era o meu estado de felicidade!!!

Ele sorria com a sua adorável covinha, super feliz e VAIDOSO, porque sabia que estava a ser elogiado e porque já tem uma noção bem clara do sucesso.

VIVA, VIVA, VIVA...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Consulta de Fisiatria

Hoje não tivemos terapia sacro-craniana nem piscina, porque tínhamos consulta de fisiatria na Liga.

Não sei bem porquê mas, um vez mais voltei a ficar a apreensiva com esta consulta.

A Drª começou por nos explicar, o que tinha escrito no relatório e que eu não tinha concordado sobre a sub-luxação da anca.

Disse-nos que estes meninos faziam assimetrias pelas posições que tomavam, pelos padrões que adquiriam e pela patologia e que o nosso trabalho consistia em atrasar o aparecimento destas situações.

Comecei logo a ficar muito apreensiva...

Enquanto examinava o Afonsinho para me mostrar a sub-luxação e explicar-me como é que se via, verificou que o Afonsinho não tinha sub-luxação da anca, nem assimetrias mas, acrescentou que nos relatórios tinha que colocar para que as terapeutas tivessem atenção aos posicionamentos.

Continuou a observação, dizendo que tinha que ser má e fazer todos os exames, explicou-nos que normalmente havia encurtamentos dos membros inferiores, acrescentado de imediato que o Afonsinho não tinha, e a partir desta observação, com um ar sorridente foi dizendo que estava muito bem nos joelhos (alinhados), nos pés, coluna direitinha, boa posição dorsal, membros superiores com todas as funções bem preservadas, simetria das ancas, do rabiosque (disse-nos que os vincos das nádegas era um ponto de observação importante, estava simétricos), resumindo PERFEITO!!!!

Falámos das evoluções, da alimentação, da escola, da facilidade da manipulação, das palavras que já diz...

A Drª estava visivelmente feliz com as aquisições e progressos que o Afonsinho tem feito.

Falámos do material que tínhamos, do standing, das talas de barbas, das talinhas de espuma que fizemos para os braços, das talas que fizemos para os dedos, dos cartões...

A Drª voltou a referir que somos pais muito batalhadores, que apoiamos muito bem o Afonsinho, que está muito bem trabalho e muito estimulado.

Referi-lhe que os nossos métodos não são muito ortodoxos, ela interrompeu e disse que eram funcionais e isso é que era importante.

Explicámos como conseguimos que apontasse (a acender a luz), como pedia comer (é bom), que identificava de imediato com o olhar, os mergulhos na piscina...

Ela ficou muito contente com todas as informações e depois disse-lhe que tinha um recado do pediatra.

Ela sorriu e disse que, neste caso tudo é possível e que não é o tipo de pessoa de fazer os diagnósticos piores do que são e que realmente há casos surpreendentes.


Nós esperamos que o Afonsinho, seja um desses, UM CASO SURPREENDENTE!!!

terça-feira, 5 de maio de 2009

Intervenção Precoce - Os animais


O Afonsinho continua a dormir bem, ainda acorda por vezes mas, conseguimos que adormeça logo de seguida.

Hoje começou o dia no tapete e depois de cerca de 20 minutos foi para o standing, enquanto eu me despachava, se havia alguém ainda a dormir no prédio, acordou com toda a certeza!

Comeu muito bem o pequeno almoço e seguimos para a escolinha.

A viagem foi tranquila com algumas birrinhas suaves pelo meio.

Pedi autorização à Directora para o Afonsinho sair mais tarde e dormir lá, assim depois seguíamos logo para a Liga.

Hoje, teve sessão com a educadora de IP.

Continuam a trabalhar as texturas, a manipulação de objectos (animais), a atenção e a concentração.

Hoje, enquanto os outros meninos foram para o recreio, o Afonsinho ficou um bocadinho mais na sala (coitadinho!!!) a trabalhar e só depois foi para o recreio.

Almoçou muito bem. Hoje levei sopinha, peixinho, puré de batata e frutinha.

A P. disse que ele tinha estado muito bem e que a E. estava muito contente com o trabalho que estava a desenvolver e com os progressos dele.

Dormiu depois do almoço e quando o fui buscar estava no tapete, sentadinho e muito bem comportado.

Mau feitio


Hoje é dia de fisioterapia e terapia da fala.

Na fisioterapia mantém o mesmo esquema de trabalho, sequência motora, sentar para melhorar a postura do tronco e da cabeça, mãos e pernas.

Brincou com um volante de um carro, que tem acelerador, pisca, mudanças e com as bolinhas de açúcar que ele adora e que lhe provocam sempre demonstrações de prazer, com gritinhos, sorrisos, risinhos e vocalizações.

Esteve bem disposto e colaborou nos exercícios.

Na terapia da fala esteve a fazer exercícios respiratórios, que ele detesta e consequentemente farta-se de refilar.

Voltou a fazer exercícios para o controlo da baba, com o pincel e com o gelo e depois treino alimentar.

Levei uma banana enooorme e cinco bolachas. Perguntei à terapeuta se devia fazer a banana toda mas, acabei por fazer.

Antes de lhe começar a dar o lanche perguntei-lhe se queria comer, de imediato deu indicação com a boca e com os olhos mas, eu obriguei-o a pedir oralmente e comecei eu a comer a papa de banana. Ele olhava para mim com um olhar admirado, primeiro achou piada mas na segunda colher começou a ficar zangado e eu disse-lhe que tinha que pedir. Talvez com medo que eu comesse a papa toda (só comi duas colherzinhas mínimas) lá disse "é bom" e comecei a dar-lhe comer.

Esteve sempre a fazer hiper-extensão, o que não acontecia, atrevo-me a dizer, há mais de um ano e estava MESMO zangado comigo.

Não colaborou. Não fechava a boca ou fechava a boca com muita força, mordia a colher, enfim não conseguimos perceber, uma vez mais, se seria necessário alterar ou insistir em alguma situação.

No entanto, COMEU TUDO e rapidamente...

O SENHOR AFONSO, como é carinhosamente tratado, tem mesmo mau feitio e ideias fixas e bem definidas.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sou gigante...


Hoje na aula de natação pedi à terapeuta para evitar-mos que ele engolisse água, pois estava com muita expectoração (já amarelada) e tinha tido muita tosse de noite.

Assim, fizemos muito trabalho de fisioterapia.

Exercícios para os braços, levantando os braços bem a cima da cabeça e dizendo "sou um gigante", rotação total e meia rotação dos braços, rotação dos pulsos, exercícios para a abertura das mãos e afastamento dos polegares, trabalho de pernas, tornozelos e pés.

O Afonsinho ficou preparadissimo para passar no teste da próxima consulta de fisiatria. Estava muito relaxado, com o tonus normal.

Fez lateralizações com as bochechas na água, brincámos com a bola, cantámos canções, andou a "nadar" com o flutuador, ao som das nossas "belas" cantorias.

Foi uma aula tranquila, calma e tão relaxante que optei por não fazer jacuzzi uma vez que ele estava tão bem.

Dia da mãe

Os presentes, os miminhos, o carinho e o amor dos meus filhos chegaram, num dia, que ainda não consigo esquecer que a minha mãe já cá não está para receber também todo o meu amor, o meu miminho, o meu carinho...

Este ano o presente da C. foi uma flor com um poema, feito por ela.


"Mãe,
És tudo para mim
Quando estou contigo
Há uma estrela
que faz per-lim-pim-pim..."

O G. ofereceu um perfume J'adore e o Afonsinho um colar, em que as pintas, foram pintadas com o dedinho dele assim como na caixa.


A P. disse-me, que ele já pinta muito melhor e já utiliza muito mais as mãos.

Nestas palavras, a verdadeira felicidade

Fantástico!!!


Hoje iniciámos o dia muito cedinho, porque tínhamos terapia ocupacional às 9h00.

Seguimos em direcção à Liga, sozinhos.

O Afonsinho começou a chorar quando entrou no carro e chorou até chegar à Liga.

Mal entrámos na sala o Afonsinho começou logo a olhar para a tábua inclinada, exercício de integração sensorial que ele adoooora!!

Continua o trabalho de controlo de cabeça e do tronco, sentado no degrau com os pés e as mãos apoiadas, esteve simplesmente FANTÁSTICO!!!

Agora este trabalho é intercalado com a integração sensorial e ele já sabe que a seguir ao trabalho do degrau, feito de forma correcta, tem um "brinde", a "brincadeira" na tábua elevada.

O Afonsinho tem uma empatia excelente com o terapeuta e os únicos sons que ouvimos durante a sessão, que passa rapidamente, como tudo o que é bom, são as palavras "é bom", os risos e gritinhos de prazer.

Depois seguimos para a escolinha, aqui a viagem de carro foi mais tranquila, com alguma birrise mas, suave e espaçada.

Hoje o Afonsinho levou papa para o meio da manhã, almoça em casa por causa da hora da piscina.

Estiveram no parque a brincar, comeu a papa toda e dormiu uma hora.

Quando o fui buscar estava muito tranquilo e bem disposto.

Mergulhinhos da mamã...


Ontem acordámos muito cedinho, pois a aula de natação começava às 10h00.

Depois de tudo arrumadinho, lá fomos, uma vez mais sozinhos.

A viagem foi bastante mais tranquila do que habitual e tivemos um ligeirinho queixume mas, nada comparável ao que já tivemos.

Quando chegámos não estava ninguém na piscina e reinava o silêncio.

O esquema da aula seguiu o rumo do dia anterior, nadar, controlo de cabeça, nadar com o chouriço e fazer deslizes, eu empurrava o Afonsinho para a R. e ela para mim, brincar com a bola, hoje estava mais tranquilo e relaxado e estivemos imenso tempo dentro de água.

Voltámos aos mergulhos mas, como era o dia da mãe, tive direito a uma prenda especial e pela primeira vez, fui eu que fiz os mergulhinhos (agarrado) ao Afonsinho.

Primeiro um pequenino e depois um mais fundo. Correu muito bem, ele gostou e eu também, não engoliu água e segundo a R. não me saí nada mal...

A aula acabou com o relaxamento na jacuzzi, o Afonsinho estava tão contente que estava praticamente deitado sobre a água e com a força dos jactos ia para a frente e para trás todo maravilhado.

Depois da jacuzzi, estávamos tão bem que acabei por ficar mais um bocadinho dentro de água a relaxar com ele.

Almoçou muito bem e fez uma sestinha boa.

De tarde fizemos um lanche e voltámos ao pão com manteiga, com o Afonsinho sentadinho no sofá a comer o seu pãozinho muito concentrado e sério (afinal é um grande feito)

Foi um fim de semana calmo e sem sobressaltos, consegui recuperar um bocadinho o ânimo e as forças, espero que esta semana me traga realmente uma viragem, bem grande e que a ansiedade e o stress que me acompanharam nos últimos dias me dêem algumas tréguas.

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

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