Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

sábado, 21 de março de 2015

Unidade de Multideficiência - a nossa experiência!

Como todos sabem, desde sempre, o mesmo é dizer, desde que entrou no jardim de infância, que nos tentam "vender" a Unidade e "empurrar" o Afonso para lá.
Também como todos sabem, sempre rejeitámos essa ideia e lutámos, muito, para provar a quem acompanhava o Afonso, que apesar de ser um menino difícil e complicado, que com muito trabalho e o acompanhamento adequado ele seria capaz de integrar uma turma do regular.

Perante os acontecimentos que se foram sucedendo, fomos perdendo, todos os dias um bocadinho, do menino com excelentes capacidades de aprendizagens e fomos tendo cada vez mais o menino com graves problemas motores mas acima de tudo com graves problemas comportamentais.

Esta situação ficou a dever-se, em muito, ao próprio Afonso mas também às dificuldades normais que acompanham a entrada no Ensino Básico e todas as mudanças e alterações a que foi sujeito: novas pessoas, logo novos toques (falamos de uma criança com problemas a nível sensorial), novas rotinas (a obrigação de estar sentado durante horas, agravado pelo facto de ter dificuldades em se manter em pé no standing, devido à cirurgia que foi submetido), novos horários, novas regras, novas rotinas, novos espaços, enfim um sem número de "novos"!

Após uma análise, dura mas realista, e confrontados com todas as dificuldades que nos apresentavam diariamente, tomámos a difícil decisão de integrar o Afonso, por alguns momentos, na verdade, por todos os momentos que necessitasse, na sala da Unidade.

A unidade, é uma sala, com a lotação máxima de 6 crianças, que são acompanhadas por duas docentes de Ensino Especial e duas assistentes operacionais.



A "nossa" Unidade conta com um espaço preparado para receber crianças, quer com deficiência motora, quer intelectual,  nela existem os materiais adequados às diferentes necessidades de cada criança, para além de ter espaço para os produtos de apoio de cada um, falo de cadeiras, standing, tudo os que os meninos necessitam usar diariamente.

Na "nossa" Unidade encontrámos pessoas apaixonadas pelo seu trabalho, empenhadas em potenciar as capacidades de cada criança mas também preparadas para lhes dar colo, mimo, muitos sorrisos e muito amor.

Na "nossa" Unidade o Afonso foi muito bem recebido, e é preciso lembrar que o Afonso continua a não ser um menino da Unidade, muito mimado e dia após dia foram conquistando não só o coração mas especialmente a alegria do Afonso.

Fotografias retiradas do blogue "A importância das pequenas coisas


Este 2º período foi composto por diversas fases.
Inicialmente o Afonso entrava na Unidade às 09h00 ia para a sala às 11h00, onde era acompanhado pela professora de Ensino Especial, ia almoçar com os meninos da Unidade e depois era acompanhado pela Terapeuta da fala até ir para a sala de aulas às 13h45. Nesta 1ª fase conseguimos recuperar a rotina escolar: cumprir todo o horário escolar e almoçar na escola.

Numa 2ª fase, o Afonso passou a ter o apoio da terapeuta da fala de manhã, nesta fase pretendíamos que voltasse a utilizar o computador e que aproveitasse o recreio como qualquer outra criança e com o apoio da Tarcila e do Upsee, o Afonso começou a desfrutar de um recreio onde podia brincar com os amigos, jogar à bola, correr, sentir-se como qualquer outra criança se sente.

Numa 3ª fase o acompanhamento da Tarcila passou a ser feito na sala de aula e apesar de ter perdido muita da matéria dada, conseguiu fazer as fichas de avaliação, que foram adaptadas pela Educadora da Unidade, pela Educadora de EE e pela Terapeuta da fala, ainda não foram feitas no computador mas conseguiram que ele se voltasse a mostrar interessado pela escola e por aprender.
Voltou a usar o standing, embora ainda esteja longe de conseguir estar o tempo necessário, aumentou o tempo sentado na cadeira, começou a conseguir ficar sentado numa cadeira normal, utilizando o assento Goto.

Pela primeira vez, participou numa visita de estudo e foi de comboio, assistir à peça "O Principezinho" em Lisboa e mais uma vez contra as minhas expetativas, más expetativas, correu tudo muito bem!





No último dia de aulas, com a ajuda preciosa do Upsee e a boa vontade de quem o acompanha, conseguiu participar em muitos dos jogos: o jogo da laranja, em que tinha que segurar em conjunto com outro menino uma laranja na cabeça, o jogo do arco, entre muitos outros, participou de tal maneira, que até ao pé coxinho andou, perante o olhar maravilhado e feliz das outras crianças mas também dos outros professores e auxiliares.






Continuo a pensar que a Unidade, "ser" um menino da Unidade não é o mais adequado para o Afonso, porque para que possa fazer uma aprendizagem com sucesso e manter o currículo normal, tem que estar na sala de aula o maior tempo possível, sendo o ideal em todos os períodos, ou seja, 4h30 por dia e a Unidade não possui os recursos humanos necessários para que tal aconteça. Por outro lado, usar o espaço da Unidade poderá trazer grandes benefícios nas outras áreas: motora, afetiva e especialmente comportamental, áreas onde precisa de grande apoio.

Em conclusão, a verdade é que não existe nenhuma solução adequada às reais necessidades do Afonso, que precisa de um solução mista, que passa pela sala de aula e pela Unidade, vamos agora no 3º período, tentar perceber se é possível implementar esta solução mista, para no fim do ano letivo fazermos, todos em conjunto, família e docentes uma avaliação realista e tentar encontrar a melhor solução, uma solução que seja realista e especialmente seja exequível.

A "nossa" Unidade mas também a professora I., atenta e sempre disponível, mostraram-nos que aquilo que há muito sabemos, são as pessoas que fazem a diferença!


O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

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