Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

sábado, 5 de junho de 2010

Orgulho!!!

Hoje iniciámos a nossa época balnear, com o primeiro dia de praia.

O tempo não estava muito famoso mas, o sol estava suficientemente luminoso, para aquecer e nos proporcionar uma excelente manhã de praia.

O Afonsinho esteve sentadinho na areia a brincar com o seu baldinho, a sua pazinha e ancinho, que agora já consegue agarrar com facilidade.


Apesar da bandeira vermelha, do mar bravo e com água fria, não resistimos a dar um mergulho e a brincar com o Afonsinho nas ondas.

Ele simplesmente, ADORA e delira com cada onda, rindo, vocalizando, dando gargalhadas, é maravilhoso de ver!

Como ele adora molhar o cabelo, ainda o deitei, no momento exacto em que uma onda sorrateira apareceu e lhe "passou" por cima, ficou um bocadinho incomodado com a água nos olhos mas, fechou a boca e não engoliu água, tem a lição bem aprendida, mérito de todo o trabalho desenvolvido pela nossa Ritinha.

Há dois anos, passei uma grande parte das férias a pensar que nesse Verão o Afonsinho ainda era bebé e como não se notavam as dificuldades, tudo era mais fácil mas, que no ano seguinte teria que enfrentar os olhares, os cochichos, os comentários...

Tal não aconteceu e no Verão passado foi com muita tranquilidade que vivemos as dificuldades do Afonsinho, tirando o imenso partido de cada momento, de cada sorriso..

Agora, o que sinto é um enorme ORGULHO deste menino, lindo e fantástico, que aproveita cada momento, que se sente amado, um menino alegre, bem disposto, sempre sorridente e muito FELIZ!!!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Caixinha de surpresas

Depois de uma semana complicada em termos emocionais, tivemos uma semana fantástica com imensos progressos.

Cada vez mais penso que ser tão emocional é o meu maior defeito. Fico de rastos, canso-me e canso os outros, coitadinhos dos meus amigos que devem ficar fartissimos de mim e pior que tudo acabo por prejudicar o Afonsinho. Luto tanto por ele, que por vezes neste luta tão intensa acabo por negligenciá-lo um bocadinho, com tantos telefonemas, tantos mails, tantas cartas, tanto tempo em que ele podia beneficiar de uma mãe presente e bem disposta...

As noites continuam a ser perfeitas, a alimentação corre muito bem e o Afonsinho está cada vez mais gorducho e as viagens do carro mais tranquilas, com tentivas de birra de vez em quanto mas, muito menos desesperante do que vinha acontecendo.

Iniciámos a semana com as actividades com a educadora de ensino especial, o ano ainda não acabou mas, já sinto imensas saudades dela, penso mesmo, que será impossível voltar a encontrar uma educadora assim.


Na segunda feira iniciámos o nosso período de hidroterapia intensiva e se tudo correr dentro do previsto iremos fazer entre quatro a cinco sessões semanais.

Esta semana fizemos quatro sessões, que correram de forma maravilhosa, com o Afonsinho sempre participativo, animado, muito bem disposto, alegre e sorridente junto da sua Ritinha.

A fisioterapia e a terapia ocupacional ficaram reduzidas a uma sessão, por causa do feriado mas, correram bastante bem, sendo que na fisioterapia continuamos com falta de colaboração por parte do Afonsinho.

A terapia da fala correu de forma excepcional e na terça-feira tivemos uma evolução surpreendente com o Afonsinho a conseguir dizer várias palavras, como "banho, bolo", por exemplo e verbos como "vou".

Continua a construir frases com três palavras, começadas por "Eu....", simbolo que identifica na perfeição, não sendo necessário sequer dizer a palavra, que ele de imediato a diz, com som e de forma correcta.

Não consigo ensinar-lhe o nome, porque sempre que lhe pergunto como se chama, responde "eu", no entanto sabe o nome do irmão e o nome da irmã é "mana". Já aprendeu a idade e sabe responder que tem três anos.

Evoluções fantásticas, progressos inimagináveis, pelo menos para mim, num tão curto espaço de tempo, que não consigo explicar e para ser sincera, nem entender muito bem mas, sinto uma felicidade tão grande, que não consigo exprimir em palavras...

O meu menino é assim, uma verdadeira caixinha de surpresas...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Reflexões sobre a inclusão

A frequência do pré-escolar é, sem dúvida, muito importante e todas as crianças deveriam ter acesso ao jardim-de-infância.

Para uma criança sem dificuldades a entrada no pré-escolar aos cinco anos de idade, prepara-a para o ensino básico, sendo que um ano, até pode ser suficiente, para que possa fazer uma boa integração e uma aprendizagem com sucesso.

Contudo, o mesmo não acontece com uma criança com necessidades educativas especiais de carácter permanente, como é o caso do Afonso. Um ano lectivo é manifestamente insuficiente para que seja feita uma integração adequada, que o possa preparar para ingressar, com êxito, no ensino básico.

Com estes despachos, que visam tornar o ensino primário obrigatório, estamos, como é infelizmente, normal neste país, a tomar o caminho da solução mais fácil. Ou seja, em vez de criarem novas estruturas, novas salas, eliminamos as crianças de três e quatro anos, que deixam de ter acesso ao jardim de infância PUBLICO.

E já agora, para os pais que não têm condições financeiras para colocar os seus filhos no ensino privado, onde ficam estas crianças?

O Afonso tem capacidades cognitivas e afectivas adequadas à sua idade e um grave atraso motor.

É necessário proporcionar ao Afonso e a todos os meninos com nee, todas as condições, de forma a maximizar as suas potencialidades, com o objectivo de promover uma aprendizagem com sucesso, menor dependência e a maior funcionalidade possível.

Para que estes objectivos possam ser alcançados são imprescindíveis as aprendizagens e experiências com os seus pares, o acompanhamento diário, pela educadora de infância, pela educadora de ensino especial e a presença de uma auxiliar de acção educativa a tempo inteiro na sala.

Porque será tão difícil, neste país, entender esta situação?

Porque continuam de forma sistemática a serem violados os direitos fundamentais destas crianças, consignados na Constituição e nas leis que existem?

Porque continuam a ser feitos despachos, melhor dizendo a despachar despachos que são ilegais e violam as leis em vigor?

Inclusão?

Como? Quando?

Passinho a passinho

A semana passada correu muito bem, se excluirmos o meu mau estar emocional que me deixa ansiosa, enervada e com insónias.

O Afonsinho continua a dormir muito bem e a alimentação não podia correr melhor, só falta mesmo começar a beber água.

Nas actividades com a educadora de ensino especial continua muito participativo, muito atento e concentrado e colabora de forma activa em todas as actividades excepto na pintura, porque agora não quer pintar.

Começa pouco a pouco a ficar sentado na cadeira de conforto sem birra mas, sem o cinto apertado, conseguindo manter-se por bons períodos sentado.

No carro também há ligeiras melhorias e passámos da birra permanente, para algum queixume espaçado com momentos tranquilos.

Na terapia da fala continuamos a trabalhar com o SPC. O Afonsinho demonstra cada vez mais interesse, consegue emitir algumas palavras e na sexta feira não queria deixar de trabalhar e ir para a terapia ocupacional, um verdadeiro milagre!

Na fisioterapia continua com muito pouco interesse ou nenhum e as sessões acabam por ser chatas e monótonas sem qualquer colaboração por parte dele.

Na terapia ocupacional continua, como sempre, muito empenhado, participativo, alegre e muito bem disposto.

A hidroterapia continua a correr muito bem e na esta semana vamos iniciar mais um período de hidroterapia intensiva.

A palavra de ordem é sentar, sentar, sentar e já vai conseguindo bons períodos de tempo sentado, com maior controlo de cabeça e uma postura muito boa do tronco. Continuamos a trabalhar o controlo de cabeça e a coordenação dos membros superiores enquanto nada, assim como as bolhinhas para o controlo respiratório.

Na acupunctura continua calmo e tranquilo em todas as sessões.


Mais uma semana muito positiva, com muito trabalho.

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

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