Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

sábado, 20 de setembro de 2014

E lá fomos nós para a luta!

O Afonso ficou impedido de frequentar a escola!

Eu voltei aos telefonemas, aos email´s, à comunicação social, às queixas "denuncias" junto da Dgeste, do Agrupamento e da Câmara Municipal.

Na sexta-feira à tarde recebi um telefonema, onde me informaram que a Assistente Operacional já tinha sido colocada.
Ao contrário do que me tinham dito, não foi a "nossa" Assistente, que já estava com o Afonso há alguns anos que foi colocada na Escola mas sim uma nova AO, a quem tudo vai ter que ser ensinado.

Mais uma dificuldade, uma vez que para além de toda a adaptação que vai ter: novos espaços, nova professora, novos colegas, outras exigências, temos também mais uma adaptação à AO.
Não conhecendo a nova AO e obviamente sem fazer qualquer juizo de valores, a verdade é que não entendo como funciona a Educação e não só, neste país!

Temos uma criança com dificuldades, que entra numa nova fase da sua vida, uma fase difícil e exigente para qualquer criança! Que estranha as pessoas, que tem dificuldades ao toque, que tem dificuldades em estar sentado, que tem que ser corretamente posicionado, que utiliza uma série de produtos de apoio, que tem dificuldades para comer... temos uma AO que teve a enorme disponibilidade de querer aprender, que recebeu "formação" da familia, da equipa terapêutica, uma profissional de excelência, um ser humano fantástico, que para além do apoio ao Afonso está preparada para dar apoio a outros meninos com ou sem NEE, numa escola que tem uma Unidade de Multideficiência mas não perde-se todo o trabalho já desenvolvido, todas as conquistas e lá voltamos à estaca zero! 

Lá voltei ao meu fatalismo e a única coisa que prevejo são muitas dificuldades!

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Hoje é o primeiro dia...

O Afonso acordou bem disposto, decidido a portar-se bem  na escola, leia-se a ficar sentado na cadeira sem birras.

A viagem correu bem, lá levamos todos os produtos de apoio que o Afonso precisa: cadeira de posicionamento, assento GoTo para colocar na cadeira normal, standing, Upsee,  tapete, computador e apoio...



Hoje ficou sentado no GoTo e contou com o apoio da professora de Ensino Especial e a minha. A manhã correu muito bem: Ouviu uma história, "cantou" a canção que a professora ensinou, comeu o lanchinho da manhã sentado, brincou com um jogo sentado no tapete durante o intervalo e andou no recreio com a ajuda do Upsee, depois do intervalo fez uma ficha e na altura de pintar, a professora de EE acabou por ter que pedir os lápis de cor a um coleguinha, uma vez que eu ainda não tinha comprado nenhum material escolar!

Os meus receios, em relação à cadeira, não se confirmaram e apesar de o Afonso só ter estado na escola da parte da manhã, correu bastante bem e não houve birras!

O pesadelo começou de tarde e lá veio o malfadado telefonema, onde me informaram que ainda não tinha sido colocada a Assistente Operacional para apoio ao Afonso e lá voltamos ao nosso inicio de ano, infelizmente, habitual!

O primeiro e ultimo dia...

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Tudo preparado?

Claro que não!

Na verdade, a mochila já está comprada, os manuais também mas amanhã começa a escola e eu ainda não preparei nada!

Hoje, foi dia de apresentação na escola mas fui sozinha, o Afonso acordou com uma febre baixa e decidi não o levar.

Não sei bem como me sinto.

Fatalista talvez, à espera, que à semelhança dos anos letivos anteriores, mesmo que tudo comece bem, a realidade invada a minha vida e não, não seria por magia e tudo se repetisse!

Não quero adormecer, se adormecer não quero que o novo dia chegue, se chegar quero acordar e o Afonso ter novamente 3 anos...
Ser novamente o meu bebé que, apesar de na altura eu não saber, eu podia defender, proteger, mimar, dar colinho...
Agora, que iniciamos um novo ciclo, não é expetativa, nem alegria, nem esperança que sinto...
O que sinto é um enorme medo, um enorme medo de mandar o meu menino, para uma realidade, dura realidade, onde corre sérios riscos de ser discriminado, colocado de lado, não ser devidamente acompanhado, compreendido...

Hoje, mais do que nunca, para além de não ter sono, não quero simplesmente dormir, porque não quero que o dia de amanhã chegue!

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

Todos os direitos reservados