Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Regresso à escolinha...

Na terça-feira regressámos à escolinha.
O Afonsinho foi muito bem para a escola, não houve birra no carro e a manhã correu, supostamente, sem nenhum problema.
No regresso a casa, chorou imenso, almoçou muito mal e estava muito ensonado, queixoso e assustado, adormecia por cinco minutos e acordava  aos gritos...
Percebi que tinha dores, não sabia onde pensei que seria na anca e acabei por lhe dar um beneruon, claro que já não fomos às terapias...

Ontem a caminho da escola voltou a não haver birra no carro mas, mal parei o carro e percebeu que ia para a escola começou a chorar copiosamente...
Fiquei em pânico, porque já tinha passado por aquela situação no colégio onde esteve o ano passado e a emoção veio ao de cima, quando falei com a educadora e a coordenadora, que me garantiram que era pelo facto de ter estado de férias...

Claro que naquele momento eu era 99% emoção e 1% de razão e pedi desculpa de imediato mas, insistindo sempre que alguma coisa se passava porque o Afonso não chora!!! Birrar sim mas, chorar não!!!

Perguntei-lhe se estava zangado com a educadora, com a S., com a P., que estava sentada ao nosso lado e ele foi dizendo que não, com o olhar, quando lhe perguntei se estava zangado com a educadora de ensino especial, respondeu, por duas vezes com um "sim" perfeito, a P. nem queria acreditar...

A manhã não correu muito bem, uma vez que o Afonsinho não estava muito bem disposto

Hoje quando cheguei à escola fui falar com a educadora de ee e disse-lhe que o Afonsinho estava zangado com ela. Estivemos a falar e ela disse que ele tinha estado todo contente na cadeira no recreio e que tinha tido o melhor comportamento de sempre mas, que para o sentar na cadeira tinha sido muito difícil e que pela primeira vez tinha-lhe prendido os joelhos e os pés com força porque não o conseguia sentar.

A educadora ficou bastante preocupada e explicou-se vezes sem contas mas, como lhe disse estas situações têm que ser valorizadas:
- O Afonsinho tem que se sentir protegido, saber que o ouvimos,  valorizamos e damos importância o que nos conta.
- A educadora tem que perceber que apesar das dificuldades motoras ele consegue contar o que se passa.
- O Afonso tem que perceber que tem que estar sentado na cadeira e seguir as regras da sala, fazendo o que lhe mandam fazer. 
- O Afonso tem que assumir as  suas "queixas", ou seja, tem que conseguir esclarecer as situações, dizendo frontalmente o que o deixa triste ou zangado.

 

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O resto das férias...

Pois foi o tempo não ajudou e o que era para ser uma semana de poucas terapias, transformou-se numa semana de terapias intensivas...
O Afonsinho fez piscina DIARIAMENTE, nem mais, compensando as inúmeras ausências...
A Rita introduziu novos exercícios, flutuadores nos braços e nas pernas, para estimular a coordenação motora e incentivá-lo a fazer movimentos mais activos e mais dinâmicos. As aulas de hidroterapia correram muito bem, ele esteve sempre muito colaborante, participativo e bem disposto, durante esta semana o papá foi companhia permanente dentro de água.
Na Liga, fez terapia da fala, fisioterapia e terapia ocupacional. As sessões foram produtivas especialmente a da fala, onde continuam a consolidar o "sim" e o "não", com o Afonsinho a demonstrar grande facilidade em comunicar com o olhar, acertando em todas as perguntas que a terapeuta lhe faz.
Fez também mais uma sessão de hipoterapia onde continua a rejeitar por completo a terapia, entrando em padrões de hiper-extensão e birra, nem o facto de ter ido com o pai e o irmão contribui para melhorar esta situação.
Nas sessões de acupunctura e de sacro craniana, continua a reagir lindamente, colaborando com os terapeutas.
As férias da Páscoa acabaram e amanhã iniciámos mais um período de trabalho.

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

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