Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Osteopatia sacro-craniana

Hoje o Afonsinho, graças a Deus, não foi à escolinha e iniciámos o dia de forma bastante mais agradável com a sessão de osteopatia sacro-craniana.

A sessão correu muito bem, tendo havido uma melhoria significativa nos pontos mais difíceis, na cabeça/testa e na garganta.

Continuamos com alguns percalços e voltámos a não ir à Liga mas, como a Sara também é fisioterapeuta e fez alguns exercícios com ele, ficámos com mais de metade do trabalho feito.

Venha uma nova semana, se faz favor...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Escola?

Hoje iniciámos o dia com mais uma sessão de hipoterapia.

A sessão correu bem mas, o inicio foi complicado, uma vez que hoje começou a chorar à porta de casa e quando chegámos estava todo transpirado.

Depois seguimos para mais uma horinha na escolinha...

O regresso a casa foi tranquilo e o Afonsinho almoçou muito bem e dormiu uma bela sestinha.

A tarde foi passada de forma tranquila, entre livros e brinquedos.

O Afonsinho continua a ter um comportamento excelente à hora do almoço e na hora de dormir, adormecendo sozinho na sua caminha ou no tapete, o que como é óbvio me leva a perguntar de forma insistente, se vale a pena almoçar na escola, dormir na escola ou mesmo se vale a pena ir à escola...

Escola? Sim ou não? Eis a questão...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Não fiz nada...

A noite voltou a correr bem mas, o Afonsinho acordou, voltando a adormecer quase de seguida. Acordou tarde e chegámos, uma vez mais, atrasados à escolinha. Parece que estamos em sintonia e a vontade de ir para a escola é... nenhuma!!!

O dia da aula de ginástica foi alterado e passou para a quarta feira, e é o dia favorito do Afonsinho.

Ontem, quando demos banho ao Afonsinho reparámos que tinha várias nódoas negras, no braço e na perna, grandes e bastantes feias.

Quando cheguei à escolinha, perguntei à S. e a A. o que é que tinham feito ao rapaz, que estava todo negro. A minha pergunta até saiu com um ar brincalhão mas, a resposta, o olhar e o tom da A., foram bastantes duros.

"Ontem estive com ele nas actividades e não fiz mais nada..."

A minha vontade, que enorme vontade, foi responder-lhe à letra, porque que ela não faz nada, pelo menos com o Afonsinho, já eu percebi...

Respondi-lhe que podia ter sido na cama, enquanto a S. me disse que o arranhão na cara (que nem tinha mencionado) tinha sido à hora do almoço com ela...

Vim-me rapidamente embora, porque tinha reunião com a directora de turma do G., e não tinha tempo mas, fiquei furiosa.

Eu estou sempre a dizer, que tenho mau feitio, e tenho mesmo, por isso espero que a atitude mude, senão um dia destes vai ouvir o que não quer...

Eu não entendo! Sinceramente, não entendo! Tive durante vários anos um ATL e nunca mas, mesmo nunca falei ou permiti que algum funcionário falasse assim com os pais.

Quando fui buscar o Afonsinho estava no berçário.

Esteve bem?

Almoçou bem?

Dormiu bem?

Pois, não sei!!!

A sala do Afonsinho tem uma educadora, uma auxiliar de acção educativa permanente e outra que dá apoio mas, como nenhuma estava, não havia informações...

A pergunta é: Que benefícios tem o Afonsinho por estar na escola?

Eu sei a resposta, mas por enquanto, calma e ponderação...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Falta de tempo...

Noite Santa!!!

Tudo começa a melhorar e hoje fomos presenteados com uma bela noite de sono.

O Afonsinho acordou bem disposto, comeu muito bem e fomos para a escolinha sem chorar.

A manhã correu muito bem. Sem refilisse, sem birras e consequentemente sem hiper-extensão. Começa a ter tolerância à cadeira, graças ao grande empenho da educadora de e.e., que hoje e pela primeira vez lhe deu o almoço, que não correu muito bem mas, a sestinha correu e dormiu um bom soninho apesar, de ter adormecido tarde.

A caminho das terapias, tudo calmo e tranquilo, SEM choro, SEM birras...

Hoje, foi dia de terapia da fala e de fisioterapia. Correram muito bem, com muito empenho e colaboração por parte do Afonsinho.

Na terapia da fala, esteve a brincar com os animais e os sons e tinha que fazer escolhas e depois identificar os animais. IDENTIFICOU todos os animais com o olhar e também com a mão direita, de forma mais lenta inicialmente mas, depois com rapidez com movimentos activos.

Não entendemos, eu e as terapeutas, a dificuldade da educadora de sala em entender o Afonsinho, apenas vimos uma explicação, falta de tempo.

Falta de tempo, para lhe fazer perguntas e esperar pelas respostas.

Falta de tempo, para perceber o olhar e esperar que ele identifique com a mão.

Falta de tempo, para que ele possa fazer escolhas.

Falta de tempo...

Claro, que nesta fase e estando particularmente descontente com a atitude da educadora, tudo me parece mal, cai mal e a vontade é mesmo não levar o Afonsinho à escola, com a certeza que em nossa casa, não existe falta de tempo...

Esta fase irá passar mas, neste momento sinto-me mesmo muito "azeda"...

Na fisioterapia esteve a fazer exercícios para sentar, de gatas e em pé. Aguardamos a oportunidade, uma vez que hoje não foi possível, para testar-mos a existência ou não do padrão de marcha na passadeira.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Calma e ponderação!

O Afonsinho acordou muito tarde e chegámos atrasados à escolinha.

Hoje, estive a falar com a directora do Colégio sobre as dificuldades do Afonsinho na hora da refeição e pedi-lhe, uma vez que ele é o ultimo a comer, se podia ficar um bocadinho na sala da P., em vez de estar no refeitório a olhar para os amigos e a birrar, pedido que foi de imediato aceite.

Estive também a falar sobre os objectivos e a comunicação e transmiti-lhe as minhas duvidas em relação à educadora, porque me tinha parecido muito preocupado, quando mencionei que ela já conhecia o Afonsinho e conseguia comunicar com ele.

Falou-me então que sentiam uma enorme dificuldade para comunicar com ele e que não percebiam se ele estava a aprender os conceitos.

Expliquei-lhe as várias formas de comunicar e de o entender. Através do olhar, do toque, do tónus, da articulação de palavras mesmo sem emissão de som...

Uma vez mais, mostrou-se muito interessada e empenhada em arranjar estratégias e soluções para ultrapassar as dificuldades que a educadora sente.

É óbvio que apreciei a sua atitude mas, também é óbvio que o ano lectivo começou em Setembro e até ontem, não me tinham sido transmitidas estas dificuldades, para além de ter sido eu a ir falar com ela, o que me deixou bastante triste e ainda mais preocupada.

Vamos durante esta semana voltar a tentar e o Afonsinho vai fazer o horário completo e depois logo tirarei as minhas conclusões.

Com esta conversa, acabei por acompanhar o Afonsinho à sala da P. e fiquei lá com ele até ir almoçar.

A S. disse que ele se tinha portado muito bem e que esteve sentado, sem qualquer birra, na cadeira de posicionamento.

VIVA, VIVA, VIVA!!!

Quando o fui buscar, disseram-me que tinha almoçado muito mal e que tinha adormecido tarde.

Neste momento, as palavras de ordem, que imponho a mim mesma, são calma e ponderação, porque se for ouvir o meu instinto e o meu coração, a situação seria rapidamente alterada...

Mau feitio!

Depois da escolinha seguimos para a piscina e para mais uma aula de hidroterapia.

Hoje centrámos o nosso trabalho, nas articulações e no posicionamento de sentado.

O Afonsinho esteve sempre muito bem disposto e foi colaborando nos exercícios, até que houve um pequeno acidente e o Afonsinho para além de ter chorado, fez um enorme beicinho e zangou-se com a Ritinha.

A Rita ainda esteve a fazer uns mergulhos com ele mas, depois ele pegou na birra e não conseguimos que parasse, nem jacuzzi quis fazer. Acabámos a aula e só em casa, já no colinho do seu adorado irmão é que se acalmou...

Mau feitio, o rapaz!!!

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

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