Ao longo destes meses, naturalmente, que a conversa sobre a experiência em Cuba, surgiu, penso eu com todos, ou quase todos, os terapeutas e médicos que acompanham ou acompanharam o Afonsinho.
Desde cedo percebi, que para a nossa classe de Técnicos de Saúde, este é um tema que abominam por completo. Mas, em relação às terapeutas, despoleta mesmo reacções violentas, como se estivéssemos a por em causa o seu ELEVADO profissionalismo.
Depois da última DISCUSSÃO FEIA com a terapeuta do Afonsinho no Centro de Paralisia Cerebral, a senhora fisioterapeuta, quase que me ia batendo, decidi nunca mais voltar a falar de Cuba com nenhuma terapeuta. Mas, na terça-feira passada a conversa surgiu, não sei bem porquê e ouvi a fisioterapeuta explicar o porquê, de não concordar com o trabalho feito em Cuba. Teve um discurso sustentado na sua experiência, de forma tranquila e afirmando que embora não concorde, está na Liga para ajudar e apoiar os meninos e as famílias e se alguma delas quiser ir a Cuba podem contar com o seu apoio.
Realmente, esta terapeuta, é o oposto pela POSITIVA, de tudo o que tenho encontrado neste últimos meses. É adepta, de que os pais devem experimentar, para poderem formar opiniões, é interessada nas crianças e nas famílias, tem sempre um sorriso e uma palavra de incentivo, às vezes pergunto-me: Porque demorei eu, tanto tempo, para encontrar esta equipa?
Em relação a Cuba, tentei explicar-lhe o porquê de os pais quererem levar os filhos, eu própria contactei a Clínica Ciren em Dezembro passado e continuo a achar, que a devido tempo, é uma hipótese a considerar, como outras.
Na zona da grande Lisboa, existem três centros especializados, o Calouste Gulbenkian, a Fundação Liga e Alcoitão, existem também alguns núcleos em hospitais mas, que dão apoio por tempo muito limitado. Gratuitos só alguns. Estes centros lutam com as dificuldades inerentes à situação da saúde no nosso pais. Poucos terapeutas, profissionais poucos motivados, número reduzido de horas para as terapias, conheço casos graves, no Galouste Gulbenkian e que fazem terapia 2x semana (45 minutos), como era o caso do Afonso.
Os pais lutam, lutam muito, para proporcionar aos seus filhos o melhor, para irem mais além, para vencerem e ultrapassarem as suas sequelas e limitações. Os nossos filhos, a saúde dos nossos filhos, não se compadece com a situação vivida nestes centros. Os nossos filhos NÃO TÊM tempo para perder. Estes, os de hoje, são os dias mais importantes das suas vidas, em que tudo faz diferença, em que estamos a preparar a sua autonomia, a sua qualidade de vida.
Perante estas dificuldades, os pais esperam encontrar em Cuba, a alavanca, o empurrão que faça a diferença, para quando regressarem, continuarem o seu trabalho uns degraus à frente. Continuarem, se entretanto, como em casos que conheço, não tiverem perdido a vaga nos sítios onde estavam a ser acompanhados.
É por isto senhores terapeutas, que ir a Cuba, é tão importante para os pais. Fica o conselho, se explicarem aos pais de forma tranquila e sustentada a vossa opinião, a importância da aprendizagem nos movimentos, o fazer com intenção de alcançar determinado objectivo, talvez os pais, mudem um bocadinho a opinião que têm sobre Cuba.