Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

sábado, 18 de julho de 2009

A Cruz...


Hoje, quando fomos às compras, estavam dois senhores, a pedir donativos para comprar uma cadeira de rodas, para uma criança com paralisia cerebral.

Perguntei ao senhores se me podiam mostrar um documento que os identificasse bem como o fim a que se destinava o donativo. O senhor ficou admirado mas, de imediato me mostrou o documento com o nome da instituição e perguntou-me se queria ver o Diário da República.

Dissemos-lhe que não era necessário, que tínhamos um bebé com paralisia cerebral, que gostavamos de ajudar mas, queríamos que a nossa ajuda, fosse direccionada para a causa certa.

De imediato nos disse, «têm uma grande cruz...» e que todos deviam ser como nós e certificámos-nos da veracidade das campanhas, agradeceu e desejou-nos muita força e muitas felicidades...

Nós agradecemos, demos as mãos e a sorrir continuámos. De imediato comentei com o meu marido, como poderemos nós ultrapassar esta mentalidade. Eram pessoas da instituição, que estão dentro da situação.

Cruz, porquê?

O que sabemos nós do futuro, do nosso, dos nossos filhos?

O Afonso pode ser diferente, ter dificuldades mas, isso não nos faz carregar nenhuma cruz, apenas nos ensina a viver de outra forma, a ver a vida com outros olhos...

Depois perguntei ao meu marido:

"Alguma vez sentiste a felicidade que sentes por cada coisa que o Afonsinho consegue fazer, tantos e tantos momentos de felicidade, várias vezes por dia, vividos com tanta intensidade?"

O meu marido apenas sorriu...

Não, não é fácil!Tudo é vivido de forma intensa.

A dor, é muito grande, o sofrimento é muito, o caminho é muito, muito duro mas, não é nenhuma cruz, porque tudo é compensado, a cada pequena vitória, cada palavrinha, cada progresso, por mais pequenho que seja, cada sorriso, o olhar doce e tão feliz...

3 comentários:

Grilinha disse...

D.

Exactamente como penso.
Muito bem escrito. Não acho que seja uma cruz. É uma experiência de maternidade muito diferente, mas com pequeninas particularidades deliciosas que é preciso (e pode demorar tempo) a apreciar.
Importante é teres um bebé muito feliz e vocês saberem ser felizes. Tal e qual, como nós pensamos.
Que sabe esse senhor das alegrias que o Afonsinho vos vair dar ? Que mentalidade miserabilista , tão típica do nosso país. Agora que o estado não ajuda a "aliviar" qq sombra de cruz...isso talvez o sr tenha razão! Mas cabe-nos a nós travar as batalhas com toda a força anímica possível e desmascar a situação para que se possa progredir.

Beijos leves

CláudiaMG disse...

"A Cruz"

Bem amiga, esse é um comentário típico de quem não vive a nossa realidade, de quem não percebe como é que conseguimos ser felizes. Para as pessoas "ditas normais", o peso que carregamos diariamente é insuportável para eles e infelizmente eles não conseguem ver mais além, não conseguem perceber como é que apesar de tudo conseguimos ser felizes e continuarmos a viver a vida de forma alegre.
Nós sabemos que é possível, pois também já estivemos na mesma situação, mas eles não e como tal só conseguem ver a parte negativa.
Nós aprendemos a dar graças pelas pequenas grandes coisas, pelos pequenos grandes desenvolvimentos, aprendemos a apreciar as mais pequenas coisas, enquanto que eles não conseguem porque nunca passaram por tal experiência. Experiència essa enriquecedora, apesar de por vezes dificil, mas acima de tudo diferente e essa diferença não quer dizer que por si só seja negativa.
Continuem assim, felizes, alegres e contentes e a acreditar sempre!!!

Beijinhos muito ternnos e doces

Maria disse...

GRANDE CRUZ, É TER AS POLITICAS E POLITICOS QUE NOS ROUBAM, A CADA SEGUNDO, ESTA É QUE É A GRANDE VERDADE, NESTE PORTUGAL....É A FALTA DE EDUCAÇÃO,O NÃO SABER ONDE ACABAM AS LIBERDADES DE CADA UM.... UMA MÁ JUSTIÇA.... LEIS QUE NÃO SÃO PARA TODOS...AND SO ONE.....MUITO MAIS PODERIAMOS DESCREVER,...ESTAS É QUE SÃO UMA GRANDE GRANDE CRUZ...QUE NÃO PARA NUNCA!

Nossos filhos e netos especiais, e não especiais, são os nossos bens mais preciosos, estamos começados mas não acabados,(nós mesmos não sabemos como vai ser o nosso amanhã) e não sabemos se amanhã somos como somos, quando nos dizem a nascença que somos normais, mas que normais??? O que é hoje, e agora, pode não ser daqui a segundos....deveríamos todos pensar um pouco sobre nós mesmos, afinal que é isso de normalidade???


PS. Desculpa "D" o coment...mas é complicado tentar compreender tão pouca informação no século dito 21...

:) Beijocas gordas

M.M.G.

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

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