Hoje, quando fomos às compras, estavam dois senhores, a pedir donativos para comprar uma cadeira de rodas, para uma criança com paralisia cerebral.
Perguntei ao senhores se me podiam mostrar um documento que os identificasse bem como o fim a que se destinava o donativo. O senhor ficou admirado mas, de imediato me mostrou o documento com o nome da instituição e perguntou-me se queria ver o Diário da República.
Dissemos-lhe que não era necessário, que tínhamos um bebé com paralisia cerebral, que gostavamos de ajudar mas, queríamos que a nossa ajuda, fosse direccionada para a causa certa.
De imediato nos disse, «têm uma grande cruz...» e que todos deviam ser como nós e certificámos-nos da veracidade das campanhas, agradeceu e desejou-nos muita força e muitas felicidades...
Nós agradecemos, demos as mãos e a sorrir continuámos. De imediato comentei com o meu marido, como poderemos nós ultrapassar esta mentalidade. Eram pessoas da instituição, que estão dentro da situação.
Cruz, porquê?
O que sabemos nós do futuro, do nosso, dos nossos filhos?
O Afonso pode ser diferente, ter dificuldades mas, isso não nos faz carregar nenhuma cruz, apenas nos ensina a viver de outra forma, a ver a vida com outros olhos...
Depois perguntei ao meu marido:
"Alguma vez sentiste a felicidade que sentes por cada coisa que o Afonsinho consegue fazer, tantos e tantos momentos de felicidade, várias vezes por dia, vividos com tanta intensidade?"
O meu marido apenas sorriu...
Não, não é fácil!Tudo é vivido de forma intensa.
A dor, é muito grande, o sofrimento é muito, o caminho é muito, muito duro mas, não é nenhuma cruz, porque tudo é compensado, a cada pequena vitória, cada palavrinha, cada progresso, por mais pequenho que seja, cada sorriso, o olhar doce e tão feliz...
3 comentários:
D.
Exactamente como penso.
Muito bem escrito. Não acho que seja uma cruz. É uma experiência de maternidade muito diferente, mas com pequeninas particularidades deliciosas que é preciso (e pode demorar tempo) a apreciar.
Importante é teres um bebé muito feliz e vocês saberem ser felizes. Tal e qual, como nós pensamos.
Que sabe esse senhor das alegrias que o Afonsinho vos vair dar ? Que mentalidade miserabilista , tão típica do nosso país. Agora que o estado não ajuda a "aliviar" qq sombra de cruz...isso talvez o sr tenha razão! Mas cabe-nos a nós travar as batalhas com toda a força anímica possível e desmascar a situação para que se possa progredir.
Beijos leves
"A Cruz"
Bem amiga, esse é um comentário típico de quem não vive a nossa realidade, de quem não percebe como é que conseguimos ser felizes. Para as pessoas "ditas normais", o peso que carregamos diariamente é insuportável para eles e infelizmente eles não conseguem ver mais além, não conseguem perceber como é que apesar de tudo conseguimos ser felizes e continuarmos a viver a vida de forma alegre.
Nós sabemos que é possível, pois também já estivemos na mesma situação, mas eles não e como tal só conseguem ver a parte negativa.
Nós aprendemos a dar graças pelas pequenas grandes coisas, pelos pequenos grandes desenvolvimentos, aprendemos a apreciar as mais pequenas coisas, enquanto que eles não conseguem porque nunca passaram por tal experiência. Experiència essa enriquecedora, apesar de por vezes dificil, mas acima de tudo diferente e essa diferença não quer dizer que por si só seja negativa.
Continuem assim, felizes, alegres e contentes e a acreditar sempre!!!
Beijinhos muito ternnos e doces
GRANDE CRUZ, É TER AS POLITICAS E POLITICOS QUE NOS ROUBAM, A CADA SEGUNDO, ESTA É QUE É A GRANDE VERDADE, NESTE PORTUGAL....É A FALTA DE EDUCAÇÃO,O NÃO SABER ONDE ACABAM AS LIBERDADES DE CADA UM.... UMA MÁ JUSTIÇA.... LEIS QUE NÃO SÃO PARA TODOS...AND SO ONE.....MUITO MAIS PODERIAMOS DESCREVER,...ESTAS É QUE SÃO UMA GRANDE GRANDE CRUZ...QUE NÃO PARA NUNCA!
Nossos filhos e netos especiais, e não especiais, são os nossos bens mais preciosos, estamos começados mas não acabados,(nós mesmos não sabemos como vai ser o nosso amanhã) e não sabemos se amanhã somos como somos, quando nos dizem a nascença que somos normais, mas que normais??? O que é hoje, e agora, pode não ser daqui a segundos....deveríamos todos pensar um pouco sobre nós mesmos, afinal que é isso de normalidade???
PS. Desculpa "D" o coment...mas é complicado tentar compreender tão pouca informação no século dito 21...
:) Beijocas gordas
M.M.G.
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