Já várias pessoas leram o blogue e todas me disseram o mesmo: "chorei" ,"fiquei emocionada".
Hoje, decidi virar as costas a tudo e ler o blogue desde o seu início e também eu chorei...
Realmente, a história, a curta história de vida do Afonsinho, tem sido sofrida, dura, violentamente dura...
Eu sei que há dias, como o de hoje, em que me sinto melancólica, pensativa, metida comigo mesma.
Hoje, houve uma conversa que me fez pensar, a possibilidade de ser 2 pessoas, uma nas sessões de terapia, no dia a dia e outra neste blogue. Eu sei que sou as duas, até sou mais que duas. A triste e melancólica, a que tem medo, a que não quer ouvir, a alegre, bem humorada e divertida, a de mau feitio, arrogante e exigente, a lutadora, de espirito forte, a guerreira incansável...
Eu sou todas e, às vezes, não sou nenhuma...
Eu acho que na maioria dos dias, a partir do meio de Março, consegui encontrar-me. Acordo com facilidade e sinto-me preparada para enfrentar um novo dia. Encaro tudo com normalidade, as manhãs, umas com muitas actividades e trabalho, outras cheias de mimo e preguiça, o ter de ir todos os dias para os tratamentos com o Afonsinho. A verdade é que me sinto bem na Liga, sinto-me acompanhada e sinto que o Afonso é, para além, de muito bem acompanhado, muito mimado e amado, há verdadeiro interesse na sua recuperação, preocupação com o seu e o meu bem estar, palavras de apoio e incentivo...
Dizem-me que tenho que ir trabalhar, por mim, que preciso de sair, de largar um bocadinho o Afonsinho mas, eu não sinto falta de nada disso. Gosto dos meus dias e sinto-me feliz, atrevo-me a dizer que se não fosse pela questão monetária, afinal já há quase dois anos que só entra um ordenado em casa e as despesas são cada vez mais, por mim não voltava a trabalhar. O que eu realmente gostava era ter uma situação financeira que me permitisse acompanhar, de forma efectiva, os meus 3 filhos. Eu sei que pode parecer estranho, afinal onde está a pessoa que trabalhava 12 horas por dia? E à noite? E ao fim-de-semana, se fosse necessário? Esta "nova" pessoa, é aquilo que sempre foi mas, com prioridades diferentes, com uma grande prioridade na vida, OS FILHOS, e especialmente empenhada na recuperação do Afonsinho.
Afinal, acho que não mudei assim tanto. Continuo a colocar os meus filhos acima de tudo, aprendi a viver um dia de cada vez, a aceitar que por vezes me sinto deprimida e outras alegres, que grito, que choro, que sorrio e riu, que a vida é assim, feita de altos e baixos.
VIVO INTENSAMENTE e SOFRO INTENSAMENTE como sempre vivi e sofri...
1 comentário:
Olá cunhada,
Eu pertenço, definitivamente, ao grupo das choronas...
Recordar tudo, desde o dia 22/12, primeiro vez que vi o Afonsinho...
Tão lindo, tão gorduchinho, enfim tudo o que se espera de um bébé recém-nascido, não fosse o facto de não puder tocar nele, dar-lhe beijinhos, dar-lhe as boas vindas uma vez que tinhamos um "berço" transparente a separar-nos.
Estive cerca de 1o minutos a olhar para ele, a sua respiração ofegante, todo entubadinho e pedi ao Fernando para sair, desculpando-me que seria para dar a vez ao tio N., mas na verdade o que eu queira era chorar, chorar muito. Que crueldade, que injustiça!!!
Seguiram-se tempos muito complicados a (longa) estadia do Afonsinho, o primeiro mês em casa, os prognósticos nada animadores ...
Mas tu meu lindo sobrinho fazes jus á célebre frase "Prognósticos, só no fim do jogo". Á medida que o tempo passava tu ías ultrapassando as dificuldades e sempre que estava contigo ía notando surprrendentes melhorias. Se no inicio não aceitavas as minhas festinhas na carinha, reagias mal ao toque, e fazias bastante frequentemente aqueles "esticões", aos quais eu ficava desesperada. (Nos anos da tua avó M. fomos todos jantar a um hotel a Sesimbra e recordo-me de estar contigo ao colo a tentar acalmar-te e vi um grupo de pessoas a olharem para nós e a comentarem, e eu disse-te ao ouvido, enquanto tentava acalmar-te: meu amor, não ligues, a tia está aqui, pronto, já passou!
Mas as pessoas continuavam a olhar e eu só me apetecia dizer: Que foi, nunca viram um bébé com birra de sono?!?!?!.
Enfim, mas o pior ficou para trás e á medida que ía sabendo novidades e evoluções tuas, ficava tão feliz, e ía sempre tendo oportunidade de comprovar isso mesmo, quando te pegava ao colo e te dava beijinhos na carinha tu aceitava-los e as festinhas que tanto te incomodavam, passaram a ser muito bem aceites e por vezes retribuidas com um sorriso. Adoro quando te canto canções para adormeceres, e falo contigo, e me interrogo sobre o que passará na tua cabeçinha, se és feliz, enfim ...
Mas Afonso, podes crêr que tens surpreendido tudo e todos com a tua coragem e força de vontade e nós só podemos acreditar!!!
Quantom á questão será que és feliz, não tenho dúvidas que sim, aliás basta olhar para as fotos aqui publicadas, em relação á questão do que se passará na tua cabecinha, eu sei que vais ser tu a contar isso á tia...
Amo-te bébé
I.
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