Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

terça-feira, 17 de junho de 2008

O relatório

Hoje fui fazer um exame, uma mamografia e ecografia mamária (está tudo bem) e a C. teve consulta de rotina e está óptima. Com tudo isto, chegámos à Liga em cima da hora e sem almoçar. Pedimos à terapeuta se era possível ficar com o Afonsinho enquanto nós íamos almoçar.
O Afonsinho fez uma parte da sessão de terapia da fala, pela primeira vez, sozinho com a terapeuta, refilou, chorou, fez beicinho mas, também ficou um bocadinho muito, muito pequenino mais autónomo, tenho que começar a cortar o cordão umbilical. Hoje levei papa de fruta para o lanche. A terapeuta gostou de ver o Afonsinho a comer, a postura continua má (faz hiper-extensão) e come no meu colo mas, segundo a terapeuta a língua está a funcionar como deve de ser, os movimentos são mais correctos e não parece o menino que ela viu comer há cerca de 2 meses atrás. Foi difícil para mim mas, até correu bem afinal a assistência era "poderosa" mas amiga, a fisioterapeuta, a assistente social, a auxiliar e a terapeuta da fala.
Hoje, na fisioterapia entregaram-me o relatório, que foi elaborado pelos três terapeutas e a assistente social, para referenciarem o Afonso junto da equipa de intervenção precoce da Amadora (educadoras de ensino especial). Já na 5ª feira a fisioterapeuta me tinha falado no relatório, na altura não lhe disse nada mas, a minha cara deve ter demonstrado o pavor que tenho destas situações. Assim, preparei-me para ler, o que já sabia à partida que não queria ler mas, tive uma grande surpresa não pelo que estava escrito, as palavras estavam lá, "grave" e "comprometido" mas, pelo cuidado, imediato, com que a fisioterapeuta me abordou, fazendo questão de me explicar, mesmo antes de eu ler, que as ditas palavras eram necessárias para pedir o apoio para o Afonso e que sem elas era bastante difícil conseguir mas, que não era a opinião dos terapeutas e que o Afonsinho tem vindo a fazer evoluções espectaculares. Disse-lhe que não era necessário explicar-se e que não era a primeira vez que a situação do Afonso não era descrita no papel como se passa no dia a dia mas, também é difícil escrever um relatório diário com cada pequena, pequenina evolução que ele faz.
Acabámos por ficar na conversa, por mais 45 minutos, parecíamos amigas de longa data, eu e a "assistência", falámos de coisas banais, coisas de mulheres e afinal o dia acabou por correr bem melhor do que estava à espera, talvez também eu, devagar, devagarinho consiga ultrapassar os meus medos, as minhas dúvidas, as minhas mágoas, talvez também eu consiga evoluir de forma espectacular...

1 comentário:

Grilinha disse...

Querida, nunca serás indiferente a palavras dessas, mas a tua forma de encarar o que ouves, muda muito com o tempo. Já ouvi muitas coisas, coisas dispersas, contraditórias.
- Com UMA semana de idade o JP não tomava atenção (e era suposto tomar atenção com 1 semana????) e depois passou a ser um miúdo super-interessado e atento.
- Julgaram que o JP tinha epilepsia, depois afinal já era mais que óbvio que não tinha...
-Já ouvi médicos a dizer que se tinham enganado.
-Com 2 anos e meio disseram-me que o JP tinha movimentos involuntários, agora já óbvio que nunca os teve.
Eu sei lá a infinidade de situações. O facto é que comecei a encarar de uma forma mais leve, como que levando pouco a sério as constatações antes de religiosamente comprovadas.

Vais ver que apesar de sempre te sentires, com o tempo vais passar a interessar-te mais sobre o que vês e o que pensas, do que o que te dizem.

Um beijinho e muita força, sempre !

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

Todos os direitos reservados