Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Actividade de IP

Hoje, o dia começou muito bem disposto, com o Afonsinho comer o seu pequeno almoço, num instante e a dizer, repetidamente, "é bom..."

Que grande guloso me está a sair...

A caminho da escolinha, a choradeira do costume, hoje, sem lágrimas, só mesmo birra.

Hoje, a educadora de intervenção precoce, esteve a acompanhar o Afonsinho.

Sentou-o, fez barquinho (no meio das pernas dela, anda com o tronco para trás e para a frente, enquanto os braços "remam") enquanto cantava a canção do barquinho.

Estiveram a trabalhar com os cartões e o Afonsinho reconheceu e reagiu muito bem: o papá, a mamã, o G., a C., os amigos, a P., depois estiveram a trabalhar os conceitos "sentado" e em "pé".

Havia uma fotografia do Afonsinho a andar de baloiço e nas duas vezes que a educadora de IP, lhas mostrou e lhe disse o que estava a fazer, o Afonsinho reagiu muito mal e fez hiper-extensão, demonstrando desagrado.


Quando cheguei ela contou-me esta situação, dizendo-me que não tinha percebido a reacção dele e eu expliquei-lhe que ele detesta andar de baloiço.

A educadora ficou muito contente, por ele ter a percepção da imagem real da fotografia e por conseguir "comunicar" o seu desagrado.

O Afonsinho, desde praticamente o nascimento, cerca de 20 dias, que detesta estar sentado. Ainda no hospital, tinha um baloiço e chorava intensamente quando o sentavam, mais tarde em casa (também comprámos um baloiço) a situação era igual.


Quando veio para casa, com 1 mês de vida, não o conseguíamos sentar no ovinho, nem na cadeira de rua, nem no carro, quando mudámos para a cadeira (a que ainda hoje tem) a situação manteve-se.

Com cerca de 5 meses, o Centro de Paralisia Cerebral, emprestou-nos uma cadeira para comer, uma table form, nunca o conseguimos sentar.

A partir dos 10 meses, tentámos todos os tipos de banco, puff, banco triangular, cadeiras de alimentação com redutor, cadeira de mesa em tecido, cadeira de alimentação com o banco moldável....

O banco moldável, foi aquele em que melhor resultados obtivemos, por vezes alguns minutos sem chorar.

Até entrar na escola em Outubro, com 21 meses, o Afonsinho não se sentava (sem birrar e chorar) em lado nenhum. Foi a P. com toda a paciência do Mundo, que conseguiu em 2 meses, sentá-lo sem refilisse no banquinho.


E agora, acredito, que quem vai conseguir sentar o Afonsinho no banco triangular vai ser a P. com a sua paciência, o seu amor e carinho mas, também pela autoridade e regras que estão já integradas na rotina dele.

Hoje, levei para a escola, dois livros com as cores e os números até cinco. A educadora esteve a ler as histórinhas e o Afonsinho gostou muito, especialmente do livro para contar, pois ele adora "contar", normalmente contamos os dedinhos das mãos.

Outra actividade foi feita a partir do cartão do Noddy. Levei o carro e dois bonecos do Noddy, um que canta a canção "Abram alas..." e um que se apresenta dizendo "olá, eu sou o Noddy!", levei ainda um CD com canções do Noddy.

Escusado será dizer, que o Afonsinho adorou e esteve sempre atento e concentrado nas actividades.

A educadora de IP, agradeceu-nos por termos respondido de forma tão rápida, na elaboração do material que nos solicitou.

Eu disse-lhe que estávamos a fazer devagarinho, pois temos mais de 300 fotografias, já imprimidas.

Ela disse-me, que eu não imaginava a dificuldade que tinha para que os pais colaborassem, que ela falou comigo e uma semana depois os primeiros cartões, com a família, já estavam a ser trabalhados, havia crianças, que os pais chegavam a demorar UM ANO, para lhe darem as imagens.

Será possível?

Não consigo imaginar nem conceber que hajam pais que tenham este comportamento!!!

Estava estafado e foi com muito sacrifício que a P. lhe deu o almoço.

Fiquei muiiito feliz, pois, perante tanta dificuldade, entre birra e hiper-extensão, a P. deu-lhe o almoço TODO.

Esta educadora é simplesmente FANTÁSTICA!!!!

Faltava responder às perguntas "preocupações e dificuldades que a mãe e a educadora sentiam", para se fazer o PEI.

Eu respondi que não tinha nenhuma preocupação e que vivia um dia de cada vez mas, o objectivo principal do trabalho desenvolvido nas terapias é o controlo TOTAL (porque já existe de forma parcial) da cabeça. A minha grande dificuldade é o carro, a cadeira do carro e o choro que o Afonsinho faz.

A preocupação da P. foi a mudança de dois amiguinhos para a sala da pré-marcha e que o Afonsinho pudesse sofrer algum retrocesso mas, felizmente tal não sucedeu, uma vez, que já conseguiu conquistar outra amiguinha que se interessa muito por ele. A dificuldade da P. é a mesma que a minha, sentá-lo mas, na cadeira de refeição.

Fiquei sensibilizada com a preocupação da P., realmente, graças a Deus tivemos mesmo muita sorte e estamos muitos felizes com a nossa escolha.

4 comentários:

Grilinha disse...

O mais natural é de um dia para o outro descobrirem uma actividade que ele adore e esteja preciso estar sentado.

Tenho quase a certeza que mais dia menos dia acontece !

E aí é aproveitar e "abusar" desse malandreco.

Beijos

Mãe Sisa disse...

Olá D.
Realmente é incrível quando e como os nossos filhos reagem às (boas!) profissionais.
Ainda bem que o Afonso tem mostrado tantos avanços.
Quanto às outras cadeiras: têm que ter só mais um pouquinho de paciência...
Beijinho

CláudiaMG disse...

...bem quanto às cadeiras e os sentar, não tenho nenhuma fórmula mágica que te possa ajudar minha amiga, sei bem o ue é ter uma criança a chorar no carro por não querer ir na cadeira e como tal imagino o suplicio que passas todos os dias com o Afonsinho, acho que será tudo uma questão de tempo e como tu dizes provavelmente será a P. a conseguir tal proeza.....Deus queira que sim e quanto mais cedo melhor!!!!

Beijinhos

Maria disse...

Á pais para tudo,infelismento á pais que nem merecem ter filhos, essa é uma das realidades!
Olha e depois qual é o problema do Afonsinho não gostar do baloiço,a M. não gostava de areia nos pés nem saía da toalha na praia,relva nem pensar e agora não tem grandes problemas, embora seja muito chata com a areia quando saí da praia, mas deve ser mal de família eh..eh...
Boa Afonsinho já sabe bem dizer o que não gosta,VIVA como diz a mamã...

Beij...M.M.G.

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

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