Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

terça-feira, 8 de julho de 2008

Está tão diferente

Hoje, decidimos dedicarmos-nos ao trabalho, já que estamos aqui sozinhos...
Assim, de manhã colocámos as talas e durante uma hora, fizemos extensão das pernas, depois plano inclinado, quase totalmente na vertical, descalço, durante meia hora e não se ouviu o Afonsinho, só mesmo as minhas canções desafinadas. Depois de tanto trabalho a merecida massagem e o descanso. O descanso pensava eu, porque o Afonsinho não quis dormir, por isso, continuámos a brincadeira no tapete, com o ginásio, os carrinhos e a caixa de feijões. Talvez tanto trabalho lhe tenha feito fome, almoçou como eu nunca vi, prato de peixe e sobremesa, tudinho.
Depois do almoço, terapia da fala, COLABORAÇÃO e ATENÇÃO TOTAL, porta-se tão bem que já nem o conhecemos. Massagens na cara, na boca, intra-oral (com o tal vibrador), com escova de dentes eléctrica, com pincéis, com compressas, nas mãos. nos pés, ufa...
Toma tanta atenção a tudo que a terapeuta faz, que merece bem a alcunha que a mana lhe pôs "REI CUSCUS".
Como a C. não está esta semana, coloquei como toque do telemóvel, uma canção, que ela costuma cantar para o Afonsinho. Mostrei às terapeutas a reacção do Afonsinho, ouve com imensa atenção, sorri e suspira. As terapeutas ficaram comovidas e surpreendidas.
Na sessão de fisioterapia, esteve a rolar, já consegue da posição ventral para a dorsal, sentado sozinho com o apoio dos braços, de barriga para baixo apoiado nos braços, com movimentos activos e iniciados por ele. Esteve também sentado numa espécie de "balança" com movimento, mantendo uma boa postura do tronco e da cabeça. Sempre tranquilo e sorridente, mais uma vez não o ouvimos.
Os comentários das terapeutas é que não é o mesmo bebé:"Está tão diferente", PARA MELHOR acrescento eu.

3 comentários:

CláudiaMG disse...

Olá

Sou a Cláudia, a mãe do Guilherme e da Madalena. O Guilherme tem 2 anos e tb tem PC e hj ao ler o teu Blog, revivi muitos momentos da nossa vida.
Quero deixar-te aqui o meu apoio e a minha força e dizer-te que os nossos filhos são uns lutadores e uns vencedores.

Beijinhos carregados de muita força
Cláudia, Madalena e Guilherme (Blog do Baunilha e Chocolate)

Dina disse...

Olá Cláudia
Não conhecia o teu blogue e li agora um bocadinho. Está muito bonito. É bom ler e conhecer outras histórias, especialmente histórias como a do Guilherme, que nos transmitem coragem e esperança para continuarmos a lutar e a fazer o nosso caminho.
Também temos um G. que faz 14 anos no fim do mês.
Obrigada pelo comentário e em especial pela força e apoio.

Beijinhos

CláudiaMG disse...

Olá d.

Obrigada por nos teres visitado, apartir de agora vocês serão mais uns amigos que viremos visitar com assiduidade.
Lembro-me de que quando deparei com a nossa situação, aos 6 meses de idade do Guilherme, o desconhecimento do que era a PC, os tratamentos, as fisioterapias eram nulas, foi através de diversos Blogues (principalmente o da Helena) e conversas cibernáuticas que consegui chegar a um "bom porto" e lutar, lutar pelos direitos do Guilherme e pela sua reabilitação.
Infelizmente tive grande parte do nosso percurso afastada do meu Blog até a altura em que decidi escrever também, de alguma forma fazia-me bem à alma.
Hoje continuamos a lutar, nas terapias e em tudo aquilo que está ao nosso alcançe (por vezes digo que só me falta ir à bruxa). Por isso força, muita força mesmo e acredita que com muita estimulação e muito amor os nossos filhos alcançarão todos os seus sonhos. Agora sim é o tempo de investir, apesar de serem pequenos e por vezes desgastante (para eles e para nós), esta é a altura mais importante e por isso é lutar com unhas e garras.

Continua assim com muita força e acredita que cada minuto será recompensado de uma forma muito diferente, muito especial.
Um beijinho também muito especial para o Guilherme e para a tua C.

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

Todos os direitos reservados