Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Em jeito de balanço - 2 anos


Quando abri o blogue, a ideia era fazer o balanço destes dois anos do Afonsinho, do que ele já ultrapassou, dos prognósticos e dos diagnósticos, das dificuldades diárias que temos que enfrentar e ultrapassar...

Inicialmente, a dor era grande, tão grande mas, tão grande que por mais que escreva e já escrevi muito, nunca irei conseguir transcrever como se pode sofrer assim...

Mas, hoje os meus sentimentos mudaram, são sentimentos de felicidade e de alegria, e o balanço deste dois anos é muito positivo.

A todos os pais, em especial, a todas as mães, mães tão especiais, grandes mulheres, dedico o meu balanço dos dois anos do Afonsinho.

Quando nos deparamos com uma situação tão difícil e complexa como a de ser mãe de uma criança com necessidades especiais, todas nós desejamos o mesmo, que o nosso filho seja a excepção, que apesar de tudo o que nos disseram , os tais diagnósticos, com o nosso filho será diferente, o nosso filho fará parte daquela percentagem, se calhar mínima, muito mínima, dos que conseguem vencer as dificuldades.

O tempo não corre a nosso favor mas, enquanto são bebés, as diferenças são "escondidas" e nós continuamos a acreditar.

À medida que os nossos meninos vão crescendo, vamos perdendo a esperança, cada dia avança rapidamente e os nossos meninos caminham devagar, por vezes tão devagar que nos desesperamos...

Mas, como todas as crianças os nossos filhos vão evoluindo, mesmo que muito devagar, e vamos descobrindo novas aptidões e novas competências mesmo que não sejam aquelas que tanto ansiamos.

Aquilo que eu mais gostava, era aceitar, conseguir aceitar que o meu filho tem dificuldades mas, perceber que tem tanto mas, tanto de bom...

Nós não sabemos o futuro, por isso vamos tirar partido do presente e VALORIZAR tudo o que os nossos filhos nos dão, diariamente, em cada momento.

Naquele momento em que sorriem porque ouvem a voz do irmão, naquele momento em que apesar de não conseguirem emitir nenhum som, tentam imitar uma, e outra e outra vez, as palavras que lhes dizemos até conseguirem, naquele momento em que apesar de ainda terem dificuldades de equilíbrio, levantam a cabeça num esforço tão grande só para nos verem porque ouviram a nossa voz, e em todos os outros momentos em que mostram e demonstram como nos amam, como se sentem amados, como se sentem felizes....

E afinal há alguma coisa mais importante nesta vida do que ser feliz?

Eu aprendi imenso com os meus filhos, os meus três filhos especiais.

Não tenho a menor duvida, se hoje somos o que somos, eu, o pai e os irmãos, pessoas melhores, tolerantes, amigas, solidárias e mais felizes, é graças ao Afonsinho, que tem necessidades especiais e nos ensina todos os dias que VALE A PENA LUTAR...

Vale a pena lutar por tudo o que acreditamos, não importa o que é, e se para nós é importante e para outros insignificante mas, vale a pena lutar para sermos FELIZES!!!!

2 comentários:

CláudiaMG disse...

Bem minha amiga, que palavras tão sábias....
Nós, as mães "especiais" sabemos o quanto é dificil singrar neste mundo, o quanto é complicado gerir a nossa vida quanto temos que educar uma criança especial, nada é fácil, nada é dado de "mão beijada", mas pior que tudo isso, porque para isso nós temos armas para lutar, o complicado mesmo é quando temos de lidar com os preconceitos, com as diferenças, aí sim o nosso mundo muitas vezes desaba pois não estamos preparadas para a dura realidade, pois não queremos "ver" que na realidade os nossos filhos são mesmo Especiais. Assim e em vez de olharmos para os aspectos menos negativos, devemos sim, e como tu dizes, olhar para os pontos positivos, devemos pensar sempre no que os nossos filhos já conseguiram atingir e não no que eles ainda não conseguem fazer.
Quando conseguirmos chegar a esse nível, então seremos certamente mais felizes, mais felizes com nós próprios e mais felizes com eles e com o resto do mundo.
A ti um grande obrigada por este ano de muitas coisas boas, principalmente pelo início de uma grande amizade.

Um grande beijinho vindo directo do meu coração

Maria disse...

Voçês mães especiais têm os sorrisos especiais os abracinhos apertadinhos dos nossos meninos tão especiais que nos fazem felizes doutras formas, mostrando-nos a cada segundo tudo o que conseguem fazer.E até quando gritam não mãe! é giro. Força mas muita força é o que vão precisar sempre.Preconceitos daqueles que nada sabem! Nem estamos ai Beijos com todo o meu coração,acreditem não falo de cor vossa força é a garantia da recuperação dos vossos filhos, nada é fácil! ...M.M.G.

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

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