Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

A alimentação


Há já algum tempo que o Afonsinho começou a pedir comida, a demonstrar que tinha fome e a diferenciar muito bem o que gosta e não gosta de comer.

Nesta nossa batalha diária, não tenho a menor dúvida, que a mais difícil e dolorosa que já travámos até hoje, foi a alimentação.

Até Setembro, data em que foi oficialmente decretado que não seria necessário proceder à colocação do botão no umbigo (alimentação directa ao estômago), sempre lutámos contra os prognósticos e os diagnósticos que diziam que o Afonsinho nunca seria capaz de ser alimentado sem ser por sonda e mais tarde através do tal botão.

Sofremos muito, fizemos o Afonsinho sofrer muito mas, hoje e pela primeira vez, almoçou connosco.

É oficial, a partir de hoje, e sempre que a comida seja apropriada, o Afonsinho come do nosso comer.

Nesta primeira fase, vamos continuar a dar-lhe a "sua" sopa (puré de legumes com peixe ou carne passados - pastoso) e de seguida o nosso comer, hoje comeu ARROZ E FRANGO GRELHADO COM SALADA DE TOMATE e depois a sua frutinha (com bolacha) de sobremesa.

Confesso que, estava apreensiva e com medo que ele se engasgasse, nem sei bem porquê, porque ele nunca se engasga e quando "apanha" um bocadinho maior consegue deitá-lo fora. Assim, com muita atenção e preparada para qualquer eventualidade lá lhe fui dando o seu almocinho.

O Afonsinho estava deliciado e comeu tudo mastigando muito bem. Por vezes parava de mastigar com alguma comida ainda dentro da boca mas, mal eu lhe dizia que tinha que continuar a mastigar, de imediato mastigava e engolia.

UM VERDADEIRO ESPECTÁCULO!!!!!

Não podia ter recebido um presente melhor, foram dois anos de luta diária, uma luta dura, difícil, complexa e muito complicada mas, hoje posso dizer que estou muito orgulhosa do meu querido filho e de mim, porque NUNCA desistimos!!!!

Estamos preparados para continuar a lutar, neste novo ano que se aproxima, entusiasmados, com esperança que dia a dia vamos continuar a vencer, um a um, independentemente do tempo que demorar, cada um dos obstáculos que ainda nos falta ultrapassar ....

3 comentários:

Anónimo disse...

Que bom ler este post. Quando o meu bebé estava internado no hospital, estava lá outro bebé ainda muito pequenino, e os médicos estavam a dizer exactamente isso, que aquele bebé nunca iria se alimentar sozinho e que tinha que ser alimentado por sonda, depois chegou outra médica que disse um pouco zangada: "sonda? que sonda? vão por uma sonda no bebé para que? para que nunca mais consiga mesmo comer? Nada de sondas, isso é a lei do menos esforço. Ele consegue com esforço e dedicação de quem tomar conta dele."

Naquela altura aquilo fez-me muito sentido às vezes acomodamos-nos à lei do menos esforço, mas todos os bebés, e sobretudo os que têm necessidades especiais precisam é de esforço e dedicação e ao ritmo deles vão conseguindo as suas vitórias.

Parabéns ao Afonsinho e também à mãe por esta vitória.

beijinhos e bom ano
Cristina
http://blogs.clubedospais.pt/ccsantos

CláudiaMG disse...

Boa Afonsinho.....
Ao ler-vos hoje só me ocorre dizer-vos:
"Prova Superada"....LOL
Apartir de agora será sempre a melhorar e o Ano de 2009 será um ano fantástico carregado de muita coisa boa!

Beijinhos

Maria disse...

"D" neste momento já conhece o B., mesmo assim a toda a hora tenho que recorda-lo que tem dentinhos e que os tem de usar, caso contrário engole a comida sem mastigar, temos que estar sempre com atenção e adizer-lhe os dentinhos B. mastiga, mas eles vão lá.E parabéns ao Afonsinho e papás mais uma barreira vencida. beijocas a todos...M.M.G.

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

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