Hoje, conheci uma das minhas amigas virtuais, que conheci na blogosfera.
Fotografia de Luis Silva
E o amigo novo chega na vida da gente e fica tão à vontade que tem hora que parece até amigo antigo, essa história do tempo do coração tantas vezes não ter nada a ver com o do calendário. É como se os vínculos de afeto já existissem no vasto território da alma, antes de acontecerem, de fato. A cada encontro com um novo amigo, me surpreendo outra vez: como eu não o conhecia se quando olho para ele é como se sempre estivesse aqui? Como ele ignorava a minha existência se, quando me olha, sinto que sabe tanto sobre mim, sem que eu tenha lhe contado?
Ao encontrar o amigo novo, senti o viço que se esparrama na alma toda vez que um afeto floresce, as folhas muito verdes, os galhos carregados de brotos de amor. Senti vontade de lhe mostrar os meus brinquedos e de conhecer os dele. Senti o entusiasmo de falar e de ouvir, mas também o descanso que há em não precisarmos de palavra alguma para nos compreendermos. Só a afinidade legítima é capaz do silêncio sem embaraço. Só ela permite uma outra maneira de fala. Um idioma que apenas o coração domina. Uma comunicação que acontece numa freqüência diferente de toda lógica.
É no olhar, sobretudo, que a amizade se confirma. É no jeito de olhar que nos reconhecemos no primeiro momento, nós, amigos recentes de longas datas. Isso porque amigo tem esse olhar bom: ele nos olha como se realmente quisesse nos ver, sem nenhum outro interesse que não seja a oportunidade boa e rara de partilhar amizade. Ele nos vê e permanece ao nosso lado, esse conforto que palavra alguma é capaz de traduzir. Esse detalhe grandioso que faz toda a mágica acontecer, porque amar é também a arte de cuidar com os olhos.
Amigo novo é primavera reinaugurada, não importa qual seja a nossa estação. A sua chegada nos faz lembrar outra vez que, por mais que o tempo passe, o amor não perde essa antiga mania de continuar a florir.
Este texto foi escrito por Ana Jácomo e retirado do blogue Cheiro de flor quando ri
4 comentários:
D.
Tenho navegado menos, mas sempre que posso venho aqui e me alegro com as conquistas do pequeno Afonsinho e as tuas belas descobertas pela net.
Beijos e um ótimo final de semana!
Carol
Como mãe estou muito feliz por a minha filhota ter uma amiga como a "D".
Que a vossa amizade não seja quebrada,nem pelos ventos nem tempestades,mas sim fotalecida por ambas.
Sem amizade a vida não vale nada.
Cícero(106-43 A.C.)
Foi um prazer enorme ter-te conhecido "d"...és exactamente aquilo que transpareces na tua escrita e na tua voz. Espero que a partir de agora tenhamos tempo para partilharmos ao "vivo e a cores" as caminhadas dos nossos pequenos "grandes homens".
"Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão, poderá morrer de saudades, mas não estará só" (Amir Klink)
Beijinhos Especiais
....e já agora...adorei o poema....é fantástico!!!
Beijinhos
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