Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Em jeito de diário II - dia 2

A noite foi tranquila e o Afonso dormiu bem mas, quando acordava tinha fome e queria comer e sempre que comeu, vomitou. Tinha dores mas já lhe conseguimos dar comer numa posição quase sentado, continua só com o Benurou e não lhe conseguimos dar o antibiótico.

Por volta das seis da manhã acordou, estava com muita fome mas, por incrível que pareça e na única vez que pedimos comer (todas as outras refeições fomos nós que as trouxemos) fomos informados que a cozinha estava, ainda, fechada e como tal tivemos que lhe voltar a dar um potinho de maçã ao qual juntamos bolacha maria, comeu um bocadinho e voltou a adormecer mas sempre muito queixoso, estava com cólicas e fome e voltamos a dar-lhe mais um bocadinho de maçã e bolacha mas voltou a vomitar...
 
Esperamos pela enfermeira para falar com ela e como ninguém aparecia  por volta das 10h decidimos chama-la, uma vez que o Afonso já tem alta desde ontem, para que lhe desse o diazepam (que é um sedativo, para fazer a viagem a dormir) e lhe fizesse o penso para que pudéssemos voltar o mais cedo possível para casa, onde podemos gerir tudo com maior tranquilidade e por incrível que pareça, após mais de uma hora de espera, várias chamadas e depois de ser pouco simpática com a auxiliar (que obviamente não tinha culpa nenhuma), lá consegui que a senhora enfermeira chegasse junto do Afonso.

 
Desconhecia que ele tinha vomitado, que  não lhe tinham trazido nenhuma dieta alternativa, que não lhe tinham dado medicamento para as dores, o antibiótico, enfim....

A meu pedido lá lhe deu paracetamol intravenosos, estava tão furiosa, que até lhe disse que um dia destes vou ser como o ministro Relvas e só com a experiencia tenho créditos para tirar vários cursos de saúde, não há paciência, para tanta falta de profissionalismo, foi aflitivo vê-la fazer o penso e retirar os drenos, simplesmente lamentável o sofrimento que provocou ao Afonso.

Claro que com tanta demora o efeito do sedativo foi-se e o Afonso acordou, ainda assim a viagem foi tranquila.
 
Quando chegamos dei-lhe peixinho, com batatas e brócolos e logo na segunda colher começou a ter vómitos, não insisti, adormeceu e quando acordou comeu maçã cozida, pouca quantidade é certo mas sem náuseas nem vómitos e ainda consegui dar-lhe o tetra.
 
Esteve a ver um bocadinho de televisão, enquanto fazia gelo e votou para a cama, onde adormeceu de imediato...
 
Curiosa a vida, desde que chegou ainda não ouvimos qualquer queixa de dor, é certo que ainda está sobre o efeito do diazepam e cansado da cirurgia e dos dias de internamento mas mal chegou a casa mudou radicalmente.
 
Continua a dormir e há medida que for acordando, se acordar durante a noite, vamos lhe dando a comida e os medicamentos.

Sem comentários:

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

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