a ter dias fantásticos...
Temos um menino dorminhoco, que dorme toda a noite e sempre bem disposto excepto depois da banhoca na piscina, que começa a ficar rabugento com sono. Agora, só "birra" quando luta contra o sono ou quando reclama, porque quer estar permanentemente acompanhado e a brincar, só mimo...
O comportamento, exceptuando estas duas situações, é uma das grandes alterações que sentimos este ano. Está sempre sorridente, bem disposto, com um ar de menino maroto.
A alimentação tem corrido de forma fantástica. Temos conseguido fazer imensas refeições, pequeno-almoço, lanche da manhã, almoço, lanche, jantar e ainda a papinha da noite. O Afonsinho não tem bolsado e está a aceitar muito bem a alimentação.
Este ano temos uma agenda social muito preenchida, fruto dos excelentes amigos que temos e que também estão de ferias.
Na sexta feira, à noite, fomos passear e um comer um big gelado, com a minha amiga Cláudia e a familia, pela famosa rua dos Ingleses.
No domingo, passámos o dia com os nossos amiguinhos M. e B., que adoram o Afonsinho. A manha foi passada na piscina e experimentámos colocar o Afonsinho na piscina dos mais pequeninhos com o seu fato de banho insuflável mas, ele gosta mesmo é de estar na piscina dos grades, com os manos, enquanto lhe fazem os maiores disparates.
De tarde, fomos à praia, que estava óptima apesar de um pouco ventosa. O Afonsinho esteve sentadinho na areia a brincar com os seus brinquedos.
Na areia, consegue estar sentado com um bom equilíbrio e manipular os brinquedos com aparente facilidade e alguma coordenação.
Acabámos a noite, depois de um jantar de peixe já tardio, a passear pela feira que ocupava a marginal de Portimão.
Hoje, passámos a tarde com a avó, os tios e a prima. O Afonsinho não foi à piscina, porque já tinha estado na praia de manhã, deliciando-se com o rebentamentodas ondas.
Nestes primeiros dias não queremos abusar, porque as febres do Verão passado ainda nos persegue e este ano estamos a tentar dosear o tempo dentro de água. De qualquer forma foi uma tarde cheia de atenção e mimos, ainda mais, por parte da avó e da tia, que fazem tudo para ver o seu menino, ainda mais feliz!
Os primeiros dias estão a correr de forma fantástica e estamos todos a aproveitar ao máximo, estas férias foram muito desejadas e esperadas tal era o cansaço que acumulámos ao longo do ultimo ano.
5 comentários:
Adorei ler noticias vossas...
Estava tão lindo a dormir.
Ainda bem que tem tudo corrido bem, aproveitem muito!
Muitos beijinhos
Aproveitem bem este tempo para fazer tudo o que vos apetecer.
As fotografias estão excelentes, mas melhores que as fotos é ver o Afonso ao "vivo e a cores", simplesmente fantástico e divinal.
Um menino muito interessado, atento e a querer fazer tudo e claro está que com tudo isto também vêm algumas birrinhas fruto do cansaço das férias.
Beijinhos grandes e divirtam-se muito
Meu pequeno búlgaro
"Eu achava que as palavras
eram inofensivas. Para mim,
o politicamente correto era
folclore. Já não penso assim"
Diagnosticaram uma paralisia cerebral em meu filho de 7 meses. Vista de fora, uma notícia do gênero pode parecer desesperadora. De dentro, é muito diferente. Foi como se me tivessem dito que meu filho era búlgaro. Ou seja, nenhum desespero, só estupor. Se eu descobrisse que meu filho era búlgaro, minha primeira atitude seria consultar um almanaque em busca de informações sobre a Bulgária: produto interno bruto, principais rios, riquezas minerais. Depois tentaria aprender seus costumes e sua língua, a fim de poder me comunicar com ele. No caso da paralisia cerebral, fiz a mesma coisa. Passei catorze horas por dia diante do computador, fuçando o assunto na internet. Memorizei nomes. Armazenei dados. Conferi estatísticas. Pelo que entendi, a paralisia cerebral confunde os sinais que o cérebro envia aos músculos. Isso faz com que a criança tenha dificuldades para coordenar os movimentos. Meu filho tem uma leve paralisia cerebral de tipo espástico. Os músculos que deveriam alongar-se contraem-se. Algumas crianças ficam completamente paralisadas. Outras conseguem recuperar a funcionalidade. É incurável. Mas há maneiras de ajudar a criança a conquistar certa autonomia, por meio de cirurgias, remédios ou fisioterapia.
Um dia meu filho talvez reclame desta coluna, dizendo que tornei público seu problema. O fato é que a paralisia cerebral é pública. No sentido de que é impossível escondê-la. Na maioria das vezes, acarreta algum tipo de deficiência física, fazendo com que a criança seja marginalizada, estigmatizada. Eu sempre pertenci a maiorias. Pela primeira vez, faço parte de uma minoria. É uma mudança e tanto. Como membro da maioria, eu podia me vangloriar de meu suposto individualismo. Agora a brincadeira acabou. Assim que soube da paralisia cerebral de meu filho, busquei apoio da comunidade, entrando em tudo que é fórum da internet para ouvir o que outros pais em minha condição tinham a dizer sobre os efeitos colaterais do Baclofen ou sobre a eficácia de tratamentos menos ortodoxos, como a roupa de elásticos dos astronautas russos usada numa clínica polonesa.
A paralisia cerebral de meu filho também me fez compreender o peso das palavras. Eu achava que as palavras eram inofensivas, que não precisavam de explicações, de intermediações. Para mim, o politicamente correto era puro folclore americano. Já não penso assim. Paralisia cerebral é um termo que dá medo. É associado, por exemplo, ao retardamento mental. Eu não teria problemas se meu filho fosse retardado mental. Minha opinião sobre a inteligência humana é tão baixa que não vejo muita diferença entre uma pessoa e outra. Só que meu filho não é retardado. E acho que não iria gostar de ser tratado como tal.
Considero-me um escritor cômico. Nada mais cômico, para mim, do que uma esperança frustrada. Esperança frustrada no progresso social, na força do amor, nas descobertas da ciência. Sempre trabalhei com essa ótica antiiluminista. Agora cultivo a patética esperança iluminista de que nos próximos anos a ciência invente algum remédio capaz de facilitar a vida de meu filho. E, se não inventar, paciência: passei a acreditar na força do amor. Amor por um pequeno búlgaro.
Diogo Mainardi
Meu pequeno búlgaro
"Eu achava que as palavras
eram inofensivas. Para mim,
o politicamente correto era
folclore. Já não penso assim"
Diagnosticaram uma paralisia cerebral em meu filho de 7 meses. Vista de fora, uma notícia do gênero pode parecer desesperadora. De dentro, é muito diferente. Foi como se me tivessem dito que meu filho era búlgaro. Ou seja, nenhum desespero, só estupor. Se eu descobrisse que meu filho era búlgaro, minha primeira atitude seria consultar um almanaque em busca de informações sobre a Bulgária: produto interno bruto, principais rios, riquezas minerais. Depois tentaria aprender seus costumes e sua língua, a fim de poder me comunicar com ele. No caso da paralisia cerebral, fiz a mesma coisa. Passei catorze horas por dia diante do computador, fuçando o assunto na internet. Memorizei nomes. Armazenei dados. Conferi estatísticas. Pelo que entendi, a paralisia cerebral confunde os sinais que o cérebro envia aos músculos. Isso faz com que a criança tenha dificuldades para coordenar os movimentos. Meu filho tem uma leve paralisia cerebral de tipo espástico. Os músculos que deveriam alongar-se contraem-se. Algumas crianças ficam completamente paralisadas. Outras conseguem recuperar a funcionalidade. É incurável. Mas há maneiras de ajudar a criança a conquistar certa autonomia, por meio de cirurgias, remédios ou fisioterapia.
Um dia meu filho talvez reclame desta coluna, dizendo que tornei público seu problema. O fato é que a paralisia cerebral é pública. No sentido de que é impossível escondê-la. Na maioria das vezes, acarreta algum tipo de deficiência física, fazendo com que a criança seja marginalizada, estigmatizada. Eu sempre pertenci a maiorias. Pela primeira vez, faço parte de uma minoria. É uma mudança e tanto. Como membro da maioria, eu podia me vangloriar de meu suposto individualismo. Agora a brincadeira acabou. Assim que soube da paralisia cerebral de meu filho, busquei apoio da comunidade, entrando em tudo que é fórum da internet para ouvir o que outros pais em minha condição tinham a dizer sobre os efeitos colaterais do Baclofen ou sobre a eficácia de tratamentos menos ortodoxos, como a roupa de elásticos dos astronautas russos usada numa clínica polonesa.
A paralisia cerebral de meu filho também me fez compreender o peso das palavras. Eu achava que as palavras eram inofensivas, que não precisavam de explicações, de intermediações. Para mim, o politicamente correto era puro folclore americano. Já não penso assim. Paralisia cerebral é um termo que dá medo. É associado, por exemplo, ao retardamento mental. Eu não teria problemas se meu filho fosse retardado mental. Minha opinião sobre a inteligência humana é tão baixa que não vejo muita diferença entre uma pessoa e outra. Só que meu filho não é retardado. E acho que não iria gostar de ser tratado como tal.
Considero-me um escritor cômico. Nada mais cômico, para mim, do que uma esperança frustrada. Esperança frustrada no progresso social, na força do amor, nas descobertas da ciência. Sempre trabalhei com essa ótica antiiluminista. Agora cultivo a patética esperança iluminista de que nos próximos anos a ciência invente algum remédio capaz de facilitar a vida de meu filho. E, se não inventar, paciência: passei a acreditar na força do amor. Amor por um pequeno búlgaro.
Diogo Mainardi
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