Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

sexta-feira, 19 de março de 2010

Optimismo e realismo

Ontem iniciámos o dia com mais uma sessão de hipoterapia.

O caminho foi feito a chorar/birrar a plenos pulmões, como se costuma dizer, de tal forma que quando chegámos ao pé da terapeuta, ela perguntou-me se o Afonsinho tinha estado a tomar banho, uma vez que tinha o cabelo todo molhado!!

A sessão correu muito bem, não houve indisposição e pela primeira vez (acho eu), não houve birra.

O regresso foi feito novamente a chorar, bem como o caminho para a Liga, o regresso a casa e hoje novamente ...

Estou (muito) desanimada, com tanto choro/birra...

Ontem a sala de integração sensorial estava livre e o Afonsinho esteve a fazer exercício na tábua elevada, que adora e no colchão insuflável, exercícios que foram repetidos hoje.


Ontem na fisioterapia utilizou as talas de espuma e a sessão correu muito bem. Esteve a trabalhar o controlo de tronco, que está muito mas, mesmo muito melhor e o controlo de cabeça, na posição de sentado e de gatas.

Neste momento, falta o controlo de cabeça. Porque sempre que tem que controlar a cabeça, existe desiquilibrio, que vai de ligeiro e que ele já consegue rectificar, apoiando as mãos, fazendo força com os braços, até ao desiquilibrio grave, o que acontece maioritariamente e que lhe provoca a queda.

Este parece ser um objectivo difícil e muito longe de atingir mas, a experiência têm-nos ensinado que os progressos são lentos mas, que se consegue atingir competências.

O Afonsinho continua a apresentar grave dificuldades motoras, já tem três anos e a idade de algumas definições sobre o seu estado futuro aproxima-se rapidamente.

A nossa opção tem sido viver um dia de cada vez, não fazer projecções em relação ao futuro e ir aceitando as dificuldades à medida que nos vamos deparando com elas mas, não deixando de ser optimistas, temos também que ser realistas e começamos a perceber que será extremamente difícil ele atingir algumas fases de desenvolvimento como a marcha, a oralidade e a funcionalidade das mãos...

A terapia da fala correu muito bem.

O Afonsinho conseguiu emitir vários sons e palavras e presenteou-nos com alegres gargalhadas, espalhando a sua alegria e felicidade, contagiando-nos e demonstrando-nos que o futuro só pode ser alegre e muito feliz...


Fizemos um jantar para o pai, que recebeu presentes muito especiais dos três filhotes. Um cd, um livro, um ramo de flores da madeira e claro, os presentes feitos pelo Afonsinho. O pai estava super feliz e muito babado...

 

1 comentário:

Grilinha disse...

Querida Dina...toda a gente se depara com este tipo de questões quando tem estes meninos...mas sem optimismo....como aguentamos ???? Sem optimismo não lutamos !!!
Somos realistas quando sabemos que o futuro é incerto e pode ser o que não desejamos. Mas da evolução deles, não vamos saber só pelo que se lê e escreve por aí !!! Eles acabam por ditar o seu próprio futuro. Continua a obter essas aquisições devagarinho e um dia olhas para trás e pensas em tudo o que conseguiram e já te dás por muito feliz. Depois tudo o que anseiam....o tempo dirá. Há meninos que começam a andar aos 12 anos com muita força de vontade própria. Acredito que se o Afonsinho tiver o apoio que teve até agora...acaba por ir mais longe do que muitos médicos possam alguma vez sonhar. Já nós pais...somos terrívelmente exigentes e tudo depende das tuas espectativas....mas para mim bom, é eles terem alguma autonomia e compreensão !
Tranquila. Optimista. Mantém sempre a mãe Dina feliz e o Afonsinho feliz. E acredita, como sei que acreditas. Lembra-te sempre como a tartaruga que venceu a lebre....

Beijocas doces

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

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