Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Quero falar!

O dia começou muito bem e após o pequeno almoço e as nossas rotinas, chegou a S., para mais uma manhã de actividades.

Hoje o Afonsinho esteve muito bem. Trabalhou cerca de uma hora no tapete.

O trabalho centrou-se no tempo, nos animais, nos opostos e nas cores, com imagens reais, com cartões com imagens, com a leitura de histórias e com musica. O Afonsinho identificou de forma correcta todos os conceitos e articulou os nomes de forma correcta. Conseguiu pronunciar de forma correcta "nuvem" e "miau".

Depois esteve sentado na cadeira, com a birra que já é normal e no standing esteve a fazer espuma. Esteve a brincar na piscina de bolas, aprendendo novos conceitos de oposto - em cima e em baixo, sobe e desce, depois com as talas colocadas, esteve em pé apoiado no sofá identificando as cores das bolas, ainda conseguimos que desse alguns passinhos, sendo que a perna direita precisa de ajuda para iniciar o movimento.

Foi uma manhã muito produtiva, cansativa mas, com grande colaboração do Afonsinho.

Depois do almoço, que voltou a comer muito bem, seguimos para a Liga para mais uma sessão de terapia da fala e fisioterapia.

Estive a falar com a terapeuta da fala sobre a enorme frustração que ele sente e a enorme vontade que tem em falar. Pedi ajuda à terapeuta no sentido de me aconselhar e indicar o que mais poderíamos fazer para o ajudar, nesta fase.

Disse-me que não sabia, que esperava que a maturidade o ajudasse a aprender a coordenar de forma eficaz a respiração mas, confessou-me que não esperava este "salto" e este desenvolvimento em termos cognitivos e de vocabulário que o Afonso está a ter. Disse-me ainda que o problema estava na descoordenação e que neste momento achava que não era com mais sessões de terapia da falar que iríamos atingir este objectivo.

Assim, ontem começou, novamente, a fazer exercícios respiratórios, numa tentativa de o ajudar a coordenar melhor os movimentos.

Na fisioterpia estava muito cansado, a manhã foi puxada e os exercícios respiratórios que continuou a fazer na fisioterapia, deixaram-no de rastos. Foi difícil manter-se sentado ou de gatas, porque estava muito ensonado.

No regresso apanhámos uma valente chuvada e quarentas minutos de trânsito compacto para chegar a casa, perante o desespero, o meu e o dele, que chorou durante todo o caminho.

Este país é mesmo complicado, basta chover um bocadinho e tudo pára. Trânsito, sarjetas entupidas, tampas soltas, canos a jorrar água...

A cadeira, o sentar numa cadeira, continua a ser um desespero. Ainda hoje em conversa com a S., ela falava-me que tinha um colega que tinha uma criança com PC e que trocavam ideias e a criança estava muito bem adaptada à cadeira. Disse-me que o Afonsinho estava a adquirir conceitos bem difíceis e as coisas mais fáceis não as fazia.

Este menino é assim, tudo trocado, tudo ao contrário...

Esta situação da cadeira é outra das minhas grandes preocupações, porque para além de ser fundamental para o seu desenvolvimento, se ele se sentasse teria uma enorme ajuda para a coordenação dos movimentos e porque Setembro vai estar rapidamente aí e se ele não se sentar vamos estar perante o mesmo problema na escolinha.

Se durante muitos meses fomos algo perdulários em relação a esta situação, já faz um ano em Abril que ele anda SEMPRE, na cadeira no carro e deve-se contar pelos dedos de uma mão as vezes que ele não chorou.

É desesperante e já não sei o que mais fazer. Já comprámos todo o tipo de cadeiras e não conseguimos que ele se sente!

É assim este nosso caminho, de luta em luta mas, mesmo que alguns dias sejam mais dificeis, não deixamos de acreditar, porque o nosso caminho é um caminho que se faz caminhando...

2 comentários:

Maria disse...

VIVA....

Muito trabalho mas positivo, cansaço bom...
Nós continuamos caminhando ao vosso lado muito orgulhosos das etapas que se vão ultrapassando.

:)) Beijocas muito especiais

FORÇA, amanhã novo dia vos espera.

CláudiaMG disse...

Eis aí um problema de difícil resolução.
Não tenho soluções para te dar minha amiga, infelizmente nesta altura já não sei o que te dizer mais a não ser que não desistas de o sentar na cadeira do carro. Sei que não é fácil, que é insuportável até, principalmente para nós que vamos a conduzir, mas é a única solução que tens neste momento.
Tudo com o Afonsinho demora mais tempo é uma verdade, mas também sabemos que ele tem conseguido superar muitas etapas. Esta é mais uma delas que ele irá superar, sendo que só depende mesmo dele e da tua persistência e paciência.

Beijocas gordas

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

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