É BOM...

Hoje o Afonsinho acordou muito bem disposto e esteve mais de meia hora a brincar no tapete sozinho.

Este tempinho permite-me arranjar-lhe o pequeno-almoço, o almoço e ainda despachar-me, por forma que depois de dar o pequeno almoço ao Afonsinho, já só tenho que tratar dele.

O pequeno almoço correu de forma tranquila, como, graças a Deus, já é hábito.

A caminho da escola a primeira boa surpresa do dia, o Afonsinho não chorou...

VIVA!!!

Quando cheguei à escolinha a Directora queria falar comigo.

Estivemos a falar sobre a visita dos terapeutas e sobre as maneiras de ultrapassar algumas dificuldades, especialmente o sentar.

Perguntou-me se quando estava sentado sozinho e depois caia, se era por falta de força nos braços ou por não ter tempo de reacção, porque quando estava sentado sozinho mas, lhe colocavam uma mão na perna (mesmo sem o segurar) ele quando se desequilibrava conseguia colocar as mãos (posição defensiva) de modo a segurar-se.

Disse-lhe que era uma questão de tempo de reacção.

O afonsinho, têm grandes lesões cerebrais, que lhe afectaram várias áreas, uma delas, motora e a mais visível, o inicio do movimento.

Através da estimulação, procuramos fornecer informações, que o cérebro de tão estimulado irá processar em áreas novas mas, não nas existentes para o efeito, uma vez que estas, estão lesadas.

Ou seja, o que para nós é inato, como a cabeça equilibrada, para o Afonsinho, é conseguido através de uma ordem.

Todo este processo complexo segue, no caso dele, por caminho novos que ainda estão em terra batida (e não por uma auto-estrada com 4 vias e pavimento novo a brilhar) e como tal demoram muito mais tempo a serem percorridos.

Quando o Afonsinho está sentado sozinho e começa a cair, como tem dificuldades no inicio do movimento, terá que primeiro dar ordem para se equilibrar, quando for dar ordem para colocar as mãos no chão, já terá caído, é por isso que quando tem uma mão na perna, que não o está a segurar mas, está a dar uma informação ao cérebro de equilíbrio, ele consegue colocar as mãos a tempo de evitar a queda.

É impressionante, como nunca tinha pensado ou sequer imaginado pensar, no funcionamento tão complexo do cérebro, e da forma natural e inata como fazemos todos estes pequenos (grandes) procedimentos...

A segunda surpresa do dia estava nesta conversa, falámos sobre a mudança de sala mas, disse à directora que a educadora da outra sala era um bocadinho tensa com o Afonsinho e que não ia funcionar.

Fiquei então a saber que aquela sala tem duas educadoras e que a outra, a A., na opinião da directora, está à vontade para estar com o afonsinho e já tem experiência em trabalhar com crianças com necessidades especiais, falou-me ainda que poderá ser a própria P. a acompanhar o Afonsinho, todos os dias, por um determinado período, à sala da pré-marcha.

Escusado, será dizer que fiquei imensamente feliz, falei mais tarde com a P. que também gostou da ideia.

Vamos então experimentar e espero rapidamente estar aqui a dar pulos de alegria, porque acho que o meu pequenote, vai gostar da outra sala e da companhia de todos aqueles amiguinhos, que estão em termos cognitivos muito mais aproximados dele.

Como diz o Afonsinho:

É BOM...