Já não tenho paciência para ser educada! Serei só eu?
Ontem, depois do almoço o Afonso começou a ficar com tosse irritativa, que indicava a presença de secreções, sem febre, estava bem disposto e a alimentar-se bem, passámos a tarde a hidrata-lo com muita água, na expectativa que as conseguisse libertar.
Adormeceu tranquilo mas de prevenção ficou na nossa cama. Por volta da uma da manhã, acordou muito aflito, com dificuldade para tossir e para respirar, como se tivesse a garganta tapada.
O Afonso, tem sido sempre muito saudável, as vezes que esteve doente foi com as "normais" viroses de 3, 4 dias, que nos levam à nossa, excelente e disponível, médica de família, que o observa e nos tranquiliza.
Ontem foi a 4a vez, excetuando os primeiros meses de vida, pelas razões óbvias, que nós deslocamos ao hospital, neste caso ao Amadora/Sintra, porque fica mais próximo da nossa casa, uma vez que o Afonso é seguido na Estefânia.
A primeira vez foi no dia do 1o aniversário do Afonso, em que teve um febrão e fez aerossol e RX (afinal todos os meninos com paralisia cerebral têm problemas respiratórios?!), para nos dizerem que era uma simples virose.
Na 2a vez, com uma virose que se veio a tornar numa complicação grave da varicela, em que passamos pelo arrefecimento, pelos aerossóis, pelo rx, teve uma otite e estomatite aftosa e foi medicado com antibiótico, aerossol e corticoides.
Na 3a vez, com um traumatismo craniano ligeiro, após uma queda e ontem.
Na 2a vez, com uma virose que se veio a tornar numa complicação grave da varicela, em que passamos pelo arrefecimento, pelos aerossóis, pelo rx, teve uma otite e estomatite aftosa e foi medicado com antibiótico, aerossol e corticoides.
Na 3a vez, com um traumatismo craniano ligeiro, após uma queda e ontem.
Curiosamente, por três vezes o Afonso foi examinado pelo médico que ontem o observou, um médico de medicina geral e familiar, que trabalha na urgência pediátrica, felizmente na situação mais complicada (da varicela) foi acompanhado por uma excelente médica pediatra.
Em todas as nossas "visitas" ao Amadora/Sintra sempre tivemos o rótulo da paralisia cerebral como companhia.
Na 1a vez o médico que fez exames desnecessários porque ele tinha pc, a médica radiologista que me perguntou se ele era anormal, quando lhe disse que não se sentava sozinho. Da 2a vez a senhora auxiliar que decidiu ter imensa pena dele e lhe passou o tempo a chamar-lhe "coitadinho" até eu lhe dizer que o nome dele não era coitadinho, era Afonso e que era um menino muito inteligente (bem mais do que ela) e muito feliz. Na 3a vez a senhora enfermeira(?!) que insistia que só podia ficar um dos pais com o menino e ontem, ontem foi a vez do senhor doutor!
Na 1a vez o médico que fez exames desnecessários porque ele tinha pc, a médica radiologista que me perguntou se ele era anormal, quando lhe disse que não se sentava sozinho. Da 2a vez a senhora auxiliar que decidiu ter imensa pena dele e lhe passou o tempo a chamar-lhe "coitadinho" até eu lhe dizer que o nome dele não era coitadinho, era Afonso e que era um menino muito inteligente (bem mais do que ela) e muito feliz. Na 3a vez a senhora enfermeira(?!) que insistia que só podia ficar um dos pais com o menino e ontem, ontem foi a vez do senhor doutor!
Mal chegamos fomos logo para a triagem e o Afonso foi muito bem atendido pela enfermeira e colocado como prioritário, eram 2h da manhã e a urgência estava deserta, 4/5 meninos. Quase de imediato fomos chamados pelo médico. Já no gabinete, disse-nos que só um dos pais podia ficar, lá lhe explicamos a situação do Afonso e a necessidade de ficarmos os dois. O senhor doutor mostrou-se renitente e disse que não podia abrir exceções porque todos os pais queriam ficar os dois, porque a criança chorava, por isto e por aquilo e que ELE como utilizador também não gostava que lhe passassem à frente ou que tivessem MAIS PRIVILÉGIOS que ele!
COMO?!
Respondi-lhe com excelentes modos (o meu marido diz que estou cada vez mais revolucionária e contestatária), pois eu também gostava que o meu filho não tivesse paralisia cerebral!!!!
COMO?!
Respondi-lhe com excelentes modos (o meu marido diz que estou cada vez mais revolucionária e contestatária), pois eu também gostava que o meu filho não tivesse paralisia cerebral!!!!
Só para chatear, o Afonso que é um menino super inteligente, mordeu a espátula e fechou a boca (ele que deixa ver a garganta sem ser necessário recorrer à espátula) e o médico entrou em pânico, e pois claro foram OS pais que conseguiram que ele abrisse a boca, sem que alguma situação mais grave surgisse.
Perguntei ao senhor doutor, então parece que afinal é difícil? "Pois é mãe, é difícil!"
O Afonso está com uma laringite, fez aerossol + adrenalina, foi auscultado de 30 minutos em 30 minutos e teve alta. Tem que fazer um corticoide inalado durante três dias e anti-inflamatório durante cinco e precisa de ginástica.
Ginástica? Perguntei eu ao senhor doutor, estamos a falar de cinesioterapia respiratória? E então qual é o processo?
Recebi como resposta que não podia passar nada e que pelo hospital demorava muito tempo, se ele era acompanhado em fisioterapia era melhor falar com a fisioterapeuta. Ah, está bem, de repente tornei-me competente e claro, eu que pague a terapia no privado. Obrigada.
Desculpem mas, já não tenho paciência.
Ontem foi o dia da Paralisia Cerebral, eu não gosto de comemorar dias, porque isso significa que temos que lembrar, às pessoas, à sociedade, que os avós existem, por favor não se esqueçam deles, a mulher existe, por favor não se esqueçam dela...
Contudo, já que querem comemorar, comecem por mudar mentalidades, por construir uma sociedade em que os pilares são a educação e a cultura, o civismo, o respeito, se não vamos ter que criar, o dia do corrupto, o dia do incompetente, o dia do alteração do significado das palavras, como irrevogável...
Cito aqui o testemunho de uma mãe de uma criança com necessidades especiais, uma partilha do movimento (D)Eficientes Indignados na sua página no facebook.
"Ser mãe, é ser agredida em reuniões de pais; é ser violentada em guichets, em salas de espera… - porque é violento, desumano, que se ache que prioridade, horário reduzido ou adaptado, subsídios de apoio são “privilégios”… e somos agredidas, violentadas, em mil e mais um dos lugares a que vamos… e ninguém, para além de não ajudar a segurar a porta, que seja, entende que estamos exaustas por ser tudo e algo mais para esse filho que precisa… que essa coisa chamada “estado”, e que devíamos ser todos nós, uma sociedade saudável e feliz, não dá os apoios necessários."
Sem comentários:
Enviar um comentário