Hoje, começámos o dia a correr, pois tínhamos imensas coisas para fazer.
Assim, o Afonsinho tomou o pequeno - almoço um bocadinho mais cedo, enquanto víamos A Ilha das Cores na Rtp2, gostou tanto da história da Palmira e do Jeremias, em especial da musica, que em vez de comer só olhava para a televisão.
A caminho da escolinha, o choro do costume...
Depois de um café rápido, tive uma reunião na escola da C., com o Director de Turma, para as avaliações intercalares. Disse-me que a C. estava muito bem, tinha um bom comportamento e agora era só manter. A reunião foi rapidíssima e o professor disse-me que era bom que todas as reuniões fossem assim, rápidas, pois não há nada de mal para dizer.
BOA!!!!
Segui para o agrupamento onde ia ter uma reunião, para conhecer a nova educadora de e.e. que vai acompanhar o Afonsinho.
Para além da educadora, a E. estava também presente, a Coordenadora do Ensino Especial, não sei se do Concelho ou do agrupamento.
Começou a reunião explicando-me o funcionamento da intervenção precoce e os fracos recursos que dispunham. Não têm acordos ou protocolos estabelecidos com outras entidades e estão dependentes do Ministério da Educação.
A educadora explicou-me que o trabalho, era direccionado para as necessidades da criança e não da família, que era um trabalho coordenado com a educadora da sala e que ela iria seguir o trabalho que estivesse a ser feito no momento (por exemplo se a P. estivesse a cantar ela iria incentivar o Afonso a participar), que era muito importante ele estar integrado, porque nesta idade os pares são muito importantes para o desenvolvimento, porque o Afonso pode aprender por imitação.
Disse-me também que falasse sempre com ela se tivesse alguma duvida, se houvesse alguma coisa que não gostasse, se a educadora me dissesse alguma coisa... e eu interrompia-a.
Disse-lhe que a educadora era uma óptima profissional, muito competente, disponível, interessada e muito reservada e que só me diria alguma coisa se fosse muito grave!!!
Estive sempre calada a ouvi-las e penso que esta reunião tinha sido muito útil e até necessária no inicio do ano lectivo mas, neste momento há algumas coisas que foram ditas (como a necessidade de integração na creche) que já não fazem sentido.
Falei-lhes do Afonsinho, do parto e do índice de Apgar, do diagnóstico e de todo o trabalho desenvolvido, de todas as terapias que faz , para que não restasse qualquer dúvida.
Falhei-lhes dos diferentes estágios. O motor, o mais comprometido e atrasado, do cognitivo, que apresenta grandes capacidades, com atraso próprio, de quem não têm as experiências vividas para a sua idade cronológica e do afectivo, adequado à sua idade mas, com utilização da patologia (hiper-extensão) para mostrar desagrado.
Disse-lhes também que tendo em consideração o quadro do Afonsinho, com padrões bastantes diferenciados dos apresentados como normais para crianças com paralisia cerebral tetraparésica espástica ou distónica ou mista,(depende de quem avalia), tínhamos optado (pais e escola), por uma sala onde o Afonso pudesse ter apoio mais individualizado (a sala tem cinco crianças), trabalhando as posturas (sentar, deitar de barriga para cima, sentar num banco) e a manipulação. A educadora da sala, faz trabalho cognitivo adaptado ao Afonso mas, o que pretendemos desde apoio de é um reforço em termos de trabalho cognitivo.
Disse-lhes ainda que tanto a escola, como nós (pais) estamos disponíveis para facultar os materiais (brinquedos, livros, musicas) que achasse mais adequados.
A educadora, sorridente, ficou contente com as informações que lhe prestei, começou logo a fazer perguntas, sobre as coisas que o Afonsinho gostava.
Disse-me que agora ia conhecer o Afonso e estabelecer uma relação de simpatia e empatia com ele, por forma a que ele a aceite e colabore com ela.
Disse-me que já tinha trabalhado com meninos com PC e perguntou-se se usava colete. Contou-me que este ano só tem bebés, por volta dos 2 anos, e que os meninos "dela" tinham sido todos integrados na escola primária este ano.
Combinámos então, que na próxima terça feira irá conhecer a escolinha, o Afonsinho e a P.
Pediu-me para levar alguns brinquedos que o Afonsinho goste e se lhe podia explicar, enquanto não fala com a fisioterapeuta, algumas das posturas a adoptar no posicionamento do Afonsinho.
Quando fui buscar o Afonsinho, a P. disse-me que se tinha portado muito bem e que hoje, tinhamos tido um rapaz sorridente sentado no banco e que tinha comido muito bem e sem birra.
Viva, Viva!!!!
Perguntou-me como tinha corrido a reunião e disse-lhe que até tinha gostado da educadora mas, depois de tudo o que aconteceu, vamos ver...
De tarde tivemos fisioterapia e terapia da fala.
Hoje as terapeutas trabalharam em conjunto. Colocaram um écran táctil em cima do tapete, para o Afonsinho desenvolver vários jogos.
O Afonsinho tocava com as mãos no écran e os jogo iam aparecendo. Os jogos não eram muito apelativos (cores claras e com pouca musica) e ele não achou muita graça.
Quando colocaram um CD com musicas infantis ligado ao multimédia, ao som das musicas as imagens iam aparecendo com cores forte, estrelas, círculos, arco-íris, conseguiram captar a total atenção e concentração do Afonsinho.
Resumindo, o Afonsinho tem uma grande capacidade de concentração e atenção mas, ao contrário do que seria normal para o padrão destas crianças, ainda mais porque o Afonsinho tem epilepsia, ele gosta é de estímulos fortes (como a mãe sempre disse), musica, cor e movimento.
A caminhar, sempre a caminhar ...