Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras.
É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos.
Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se.
Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é...

Ana Jácomo
Não me peça para esquecer as cores, meu coração sempre andará com as lembranças felizes.
Tendo na visão do futuro, as flores, o voo dos pássaros, um lindo céu azul com nuvens desenhando belas formas...
E talvez um mar para banhar e salgar as manhãs.
Não me peça para esquecer a imensa beleza da vida.
Apesar de tudo o que já passei, de tantos dissabores, há sempre algo que movimenta a nossa esperança...
Uma criança que nasce para ser amada e ser feliz, uma flor que desabrocha para ser contemplada por quem quiser, um menino que cresce e segue um caminho repleto de luz...

Carol Timm

Afonso

O caminho começou no dia 21 de Dezembro de 2006, o Afonso nasceu em morte aparente, ficando com lesões cerebrais, que lhe causaram paralisia cerebral. Atravessámos longos dias de hospital, dias em que a dor e a preocupação não nos abandonavam mas, desde cedo, percebemos que era um lutador e todos os dias lutamos, com ele, para chegar onde lhe for possível e quem sabe… afinal é um caminho que se faz caminhando...

terça-feira, 20 de abril de 2010

De manhã, começa o dia...

Hoje, o Afonsinho tomou o pequeno almoço, uma papa de cereais, às TRÊS E TRINTA DA MANHÃ... voltando a adormecer de seguida.

Após, mais um, pequeno almoço ligeiro e depois das rotinas de higiene e dos exercícios para a língua, estivemos a fazer standing, com excelente colaboração do Afonsinho.

Entretanto, a S. chegou e começaram as actividades. Começaram por abrir o estore, tarefa que o Afonsinho adora fazer e que acompanha com grandes gargalhadas. Estiveram a trabalhar no tapete com copinhos de encaixe, os tamanhos e as cores, depois foi a vez de uma história e seguiram para o standing e depois para o sofá de conforto, onde esteve sentado SEM BIRRA, enquanto viam um novo DVD que a educadora trouxe. Ainda tiveram tempo para fazer talas nas pernas e fazer carga apoiado no sofá e talas nos braços, que o ajudam a ter um padrão e tónus normalizados, para além de uma melhor, muito melhor, coordenação e consequentemente manipulação.

Um soninho, mesmo muito pequeninho antes do almoço e depois de almoçar seguimos para a Liga para mais uma sessão de terapia da fala e fisioterapia.

Continua o trabalho com a língua, acções e conceitos, na terapia da fala e na fisioterapia esteve a jogar um jogo em que tinha que apanhar bolas, carregando num manipulo, fez trabalho de fisioterapia pura, nos membros inferiores, a colaboração continua a ser muito pouca mas, hoje pelo menos houve alguma colaboração.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Os nossos dias em resumo...

Os dias têm passado e ainda não conseguimos voltar às nossas rotinas.

O Afonsinho continua a comer muito bem, a fazer birra na cadeira e as noites vão intercalando, uma boas, em que dorme a noite toda, umas razoáveis, em que só acorda uma vez e outras em que acorda, duas e três vezes ou acorda e só volta a adormecer de madrugada.

Foram poucos, muito poucos os dias em que conseguimos ir à Liga, à hipoterapia e à hidroterapia, a única terapia que temos conseguido cumprir tem sido a acunpuctura, porque é ao sábado e contamos com a ajuda, preciosa, do papá.

A educadora de intervenção precoce, continua a trabalhar de forma eficaz e com a colaboração do Afonsinho e já chegaram ao numero dez, passando por uma revisão pelas cores, pelos animais e começaram agora com os sentidos.

Na terapia da fala iniciámos os exercícios para a língua, sendo que já a consegue por fora da boca e continuamos com as histórias, com acções e conceitos.

Na terapia ocupacional continua a brincar e a trabalhar o controlo de tronco, que apresenta melhorias fantásticas e da cabeça, que também continua a evoluir, ainda que lentamente, de forma bastante favorável.

Na fisioterapia é o caos!!! Não faz nada, não colabora, não participa, de tal maneira que na semana passada a terapeuta lhe disse que ia dar-lhe alta!!!

Na hipoterapia, participámos numa reportagem que passou no programa da RTP1 "Portugal no coração".

Na piscina as coisas têm corrido melhor e mesmo não fazendo as três aulas semanais, temos conseguido fazer duas. Continuamos a trabalhar o sentar, o gatinhar, o controlo respiratório, a oralidade e o controlo de cabeça, sempre com excelente colaboração e muita alegria por parte do Afonsinho.

Em casa centramos o nosso trabalho na condição física, com muito trabalho com talas, agora temos talas para tudo: braços, mãos, dedos e pernas e brevemente para os pés, uma vez que já fizemos as provas finais das talas moldáveis. O Afonsinho apresenta um tónus cada vez mais normalizado, menos hiper-extensão e raramente utiliza o reflexo assimétrico. Continuamos a fazer muitas massagens e muitos exercicios para a boa manutenção dos músculos, tendões e articulações que se mantém em excelente estado, sem qualquer encurtamento ou assimetrias.

Na semana passada aproveitámos o calor que o fim de semana nos trouxe e fomos ao Jardim Zoológico no sábado. O Afonsinho gostou muito da quitinha e esteve a fazer festinhas em cabras e ovelhas, identificou muito bem os animais e consegui dizer coelho, com imensa facilidade.


No domingo fomos passear a Belém e pela primeira vez, vimos o Afonsinho a dar gargalhadas sentado na sua cadeira, para que este verdadeiro milagre acontecesse, contámos com a ajuda da tia A., que ia de mão dada com ele e do primo M., que à nossa frente ia batendo com a bola, fazendo as delicias do Afonsinho. Esteve sentado, na relva, a brincar e a jogar à bola com o pai e o irmão, dando gritinhos de prazer sempre que chutava, com a ajuda do pai, a bola.

Na terça-feira, torci o pé e o joelho e lá parámos tudo outra vez...

Contudo, ontem fomos à festinha do nosso amiguinho Guilherme, que fez quatro anos. O Afonsinho esteve a "pular" no insuflável com o papá e os outros meninos, entre os quais o nosso amiguinho JP. Foi o momento alto da festa ver os nossos meninos, a pularem de alegria e contentamento, com sorrisos que nos enchem o coração.

De regresso às actividades

A noite correu muito mal com o Afonsinho a adormecer às cinco da manhã...

A nossa manhã foi passada a acompanhar o avô, primeiro numa consulta de clínica geral e depois na Liga, onde o avô iniciou, hoje, a terapia da fala.

O almoço correu bem e o Afonsinho comeu, pela primeira vez, pataniscas de bacalhau com arroz.

A sestinha demorou vinte minutos e seguimos para a piscina para mais uma aula de hidroterapia, desta vez com a mãe fora da piscina, por causa do edema que se mantém no pé e no joelho.

A aula correu muito bem, com total colaboração por parte do Afonsinho. Estiveram a fazer lateralizações, bolhinhas, sentado na beira da piscina e no colchão, sentado e na posição de gatas, enquanto brincava com os cubos.

Não foi fácil para a Rita, manter o Afonsinho na posição correcta, uma vez que também tinha que estabilizar, constantemente, o colchão mas, mesmo assim e graças à colaboração e empenho dele (e da Rita) conseguiram realizar um bom trabalho.

O regresso a casa, foi acompanhado de uma super birra, o que já tinha acontecido na ida, com o Afonsinho a birrar tanto, que chegou a casa cansadissimo e todo suado.

Depois de tantas "férias" e de tanto mimo, o resultado só podia mesmo ser este e em relação às viagens, lá voltámos ao inicio...

O que é paralisia cerebral?

"A criança com Paralisia Cerebral tem uma perturbação do controlo da postura e movimento, como consequência de uma lesão cerebral que atinge o cérebro em período de desenvolvimento.
(...)A criança com Paralisia Cerebral pode ter inteligência normal ou até acima do normal."

Retirado de "A criança com paralisia cerebral" - Guia para os pais e profissionais da saúde e educação APPC
Hoje caminho, o céu está azul, o sol brilha esplendoroso, oiço o chilrear dos passarinhos e o silêncio...
O silêncio no meu coração,
Os momentos, os meus momentos felizes...
Oiço o riso das crianças, cheiro a maresia que vem do mar, caminho descalça pela areia, continuo a sonhar.
Sonho, que o teu limite é o sonho e que o teu caminho, tem tantos obstáculos, uns já vencidos e outros, tantos outros, por vencer...
Dificil, é este nosso caminho mas, sei que embora seja feito devagar, muito devagar, sei que chegaremos ao destino deste nosso caminho que se faz caminhando...

Dina

Sou uma caminhante na estrada do aprendizado do amor. Às vezes, exausta, eu paro um pouquinho. Cuido das dores. Retomo o fôlego. Depois, levanto e seduzida, enternecida pelo chamado, cheia de fé, eu prossigo. Um passo e mais outro e mais outro e mais outro, incontáveis. Sei de cor que não é fácil, mas sei também que é maravilhoso olhar para o caminho percorrido e perceber o quanto a gente já avançou, no nosso ritmo, do nossos jeito, um passo de cada vez.

Ana Jácomo
E Deus continua susurrando: Não desista, o melhor ainda está por vir...
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz.
A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.
De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.


Ana Jácomo
Quando eu deixei de olhar tão ansiosamente para o que me faltava e passei a olhar com gentileza para o que eu tinha, descobri que, de verdade, há muito mais a agradecer do que a pedir. Tanto, que às vezes, quando lembro, eu me comovo. Pelo que há, mas também por conseguir ver.

Ana Jácomo
Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar.
Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem


Ana Jácomo
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.
Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

Ana Jácomo

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