Já há algum tempo que o Afonso nos vem pedindo uma cama só para ele. Quando saiu da cama de grades passou para a cama da irmã, que se abre e os dois colchões ficam lado a lado. Ele adormece sozinho e tinha uma cama só para ele mas não estava contente com a situação e queria uma cama mesmo só dele.
Não é fácil arranjar uma cama, onde o minhoca não corra o risco de cair, como já aconteceu, tendo indo parar ao hospital com um traumatismo craniano.
Conseguimos resolver a situação comprando um sofá cama, que depois de aberto fica no chão ou seja o colchão assenta diretamente no chão. Não é obviamente o melhor colchão que ele podia ter mas tendo em consideração o peso dele é bastante confortável e não existe o risco de queda.
Assim, agora deitamo-lo ele adormece sozinho e só acorda de manhã, normalmente por voltas das sete horas para ir à casa de banho.
Ontem à noite não o conseguimos deitar, porque não queria ficar sozinho, porque estava muito triste. Infelizmente continua a ser colocado em águas turbulentas, que não merece mas, com as quais vai ter que se habituar a lidar, uma vez, que vivendo neste país, será sempre vitima de discriminação.
Contudo, a noite foi tranquila e hoje de manhã, as horas foram passando e nada do Afonso acordar. Perto das dez horas decidi ir ao quarto espreitar e felicidade das felicidades, ali estava o Afonso, acordado e com ar de estar já há algum tempo acordado, sorridente, feliz, muito tranquilo, a usufruir da sua caminha e do seu espaço, uma maravilha!
Depois do pequeno almoço tardio, esteve a fazer standing. Ainda se mostra relutante e faz birrinha mas de dia para dia lá vai cumprindo os seus dez minutinhos de cada vez.
Hoje tínhamos previsto outras atividades para a manhã, que passavam pela leitura de um livro no computador e responder a perguntas sobre o livro, situação que fomos impedidos de concretizar.
Durante as férias da Páscoa criei uma série de fichas de trabalho: ditongos, opostos, cinco sentidos, profissões, locais, o sistema solar entre outros que vou começar agora a trabalhar com ele da parte da manhã, em casa. Aqui tem tudo o que necessita e as suas dificuldades não são impedimento para deixar de realizar nada do que deseje e precise e onde ninguém, nem mesmo uma criança de 14 anos, têm medo ou se sentem inseguras de estar com ele, de o vestir, de o acompanhar à casa de banho ou de lhe dar comer só porque foi operado a um joelho.
Depois do almoço, fomos para a piscina.
Hoje iniciámos a terapia ocupacional com uma nova terapeuta e estava preocupada pelo facto de ontem ele ter ficado muito triste e consequentemente agitado mas, como sempre, o meu menino lutador, não se deixa abalar pelas adversidades e a sessão correu muito bem.
Voltámos a ver o Afonso a fazer bolhinhas, controlando a respiração, a fazer piscinas na posição dorsal apoiado no ombro da terapeuta, na posição ventral, alguma carga e a brincar muito fazendo as suas "maluqueiras" preferidas, rodando com a cabeça na água, pulando, todos os movimentos que o Afonso adora e o fazem soltar os seus famosos gritinhos de prazer.
Amanhã voltamos para mais uma sessão, desta vez de fisioterapia com a nova terapeuta que vai acompanhar o Afonso.
Hoje, voltámos a sentá-lo na cadeira do carro, uma vez que dada a excelente evolução da perna, que já não está sempre em extensão, já é possível. Correu bastante bem, ao fim de alguns minutos já tínhamos banda sonora mas nada de muito preocupante, uma vez que não é novidade e esteve cerca de quatro meses sem viajar na cadeira.
De tarde voltámos ao standing, já conseguimos cumprir os quinze minutos e fizemos oclusão do olho direito.
Mais um dia de trabalho intenso de um menino de seis anos, que teima em não se deixar abater pelas injustiças a que é, infelizmente, constantemente sujeito.
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